Wanda Rudich.
Viena, 10 set (EFE).- A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) decidiu hoje em Viena, pela terceira vez no ano,
manter seu reduzido nível de produção, de 24,84 milhões de barris
diários (mbd), e confiar que uma saída da crise ajude o grupo a
sustentar o preço do petróleo.
"Seguimos igual", disse o ministro da Energia da Argélia, Chakib
Khelil, após a conclusão da 154ª conferência ministerial da Opep.
A atual cota de produção da organização, que exclui o
fornecimento do Iraque, é 4,2 mbd menor que a registrada em setembro
de 2008.
Entre setembro e dezembro do ano passado, a Opep, preocupada com
a queda dos preços do barril depois do retrocesso da demanda causado
pela crise financeira mundial, se reuniu três vezes para decidir
retirar barris do mercado.
Finalmente, fixou a nova cota em Oran, na Argélia, e, nos meses
seguintes, os preços, que tinham caído de quase US$ 150 para menos
de US$ 35 por barril, praticamente duplicaram, apesar de o grupo
nunca ter chegado a cumprir 100% com o corte.
Os petróleos negociados nos principais mercados mundiais
indicaram uma ligeira alta. Em em Londres, o barril do Brent, de
referência na Europa, subiu US$ 0,41 e fechou a US$ 69,83, enquanto
o de Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve) teve alta de US$
0,21 e terminou o pregão cotado a US$ 71,31, em Nova York.
Em entrevista coletiva em Viena, o secretário-geral da
organização, o líbio Abdala el-Badri, disse hoje que "o cumprimento
(das cotas) não é excelente, mas é bom, portanto decidimos seguir
com a mesma produção".
Segundo os cálculos de diversos institutos, a produção real do
grupo supera o limite estabelecido em mais de 1 mbd.
El-Badri prevê um aumento na demanda em 2010, mas de maneira
moderada, só em 100 mil barris diários, mas o importante é a
previsão de que a recessão mundial "esteja no fim".
"Há uma recessão que é comparável à de 1930. Temos que trabalhar
em uma linha muito fina (com os preços), não queremos tomar medidas
que danifiquem a economia", disse.
"O cumprimento das cotas está bom, a economia está melhorando,
parece que a recessão está passando e acreditamos que as coisas vão
melhorar. Os preços vão permanecer a este nível e talvez aumentem no
final de ano ou início do próximo", disse Khelil.
Além disso, lembrou que "a especulação está aí, não vai
desaparecer e está empurrando os preços para cima".
No entanto, o presidente rotativo da organização e ministro do
Petróleo angolano, José Maria Botelho de Vasconcelos, considera que
"a situação do mercado não dá garantia suficiente para a
estabilidade dos preços".
"Enquanto há sinais de recuperação econômica, permanece uma
grande preocupação sobre sua magnitude e ritmo, especialmente nas
nações mais industrializadas da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE)", adverte a declaração final da
Opep.
A nota destaca que os fundamentos do mercado seguem fracos, com
baixos índices de utilização das refinarias e um considerável
crescimento dos estoques de produtos derivados do petróleo.
Os ministros reiteraram seu compromisso de seguir vigiando
atentamente a evolução do mercado e, nesta linha, convocaram uma
reunião extraordinária para o dia 22 de dezembro, em Luanda
(Angola).
Além disso, marcaram sua próxima conferência regular para 17 de
março de 2010.
Nomearam, ainda, o ministro de Minas e Petróleo do Equador,
Germánico Pinto, como presidente do organismo, a partir de 1º
janeiro de 2010, por um mandato de um ano, e titular da mesma pasta
iraniano, Masoud Mir-Kazemi, como vice-presidente. EFE