Madri, 23 abr (EFE).- A nuvem de cinzas e o caos aéreo provocado
pelo vulcão islandês representaram perdas para o setor turístico na
Europa de US$ 2,3 bilhões, estimou hoje o secretário-geral da
Organização Mundial do Turismo (OMT), Taleb Rifai.
Em um discurso em Madri no fórum Tribuna Iberoamericana, que é
organizado pela Casa de América e a Agência Efe, Rifai assinalou que
as perdas potenciais para o setor do turismo no velho continente
durante a última semana giram em US$ 400 milhões ao dia.
Conforme esclareceu à Efe fontes dessa agência da ONU, o cálculo
poderia ser reduzido pela despesa gerada esses dias pelos milhares
de turistas que não puderam deslocar-se e pelas viagens adiadas, o
que torna "muito difícil avaliar a perda real".
Rifai concordou com os cálculos da Associação de Transporte Aéreo
Internacional (Iata), que estimou as perdas diárias para o setor
aéreo em US$ 220 milhões ao dia, o que representa US$ 1,7 bilhão de
desde que as autoridades aeronáuticas impuseram restrições aéreas em
15 de abril.
O responsável da OMT, com sede em Madri, ressaltou as
complicações para estabelecer a magnitude desta crise, devido à
"confusão" para esclarecer as responsabilidades, pois "não há um
acordo internacional sobre de quem é a responsabilidade pelos
passageiros imobilizados".
Por este motivo, Rifai indicou que "é preciso começar a trabalhar
em um acordo internacional sobre a proteção dos direitos dos
consumidores", que estabeleça "diretrizes aceitas por todos" para
depurar as responsabilidades nestes casos e fomentar "a informação e
a transparência" em situações de emergência.
"Atualmente não existem diretrizes internacionais e isto é
responsabilidade das Nações Unidas, por isso a OMT apresentará uma
minuta ao Conselho de Segurança e à Assembleia Geral (da ONU) sobre
o protocolo a seguir".
O secretário-geral defendeu por melhorar a atenção ao turismo
interno, "que também pode reativar a economia, criar emprego e
manter a confiança dos consumidores", e insistiu que, na Espanha e
Portugal, esse turismo "compensou as perdas e fez com que os
resultados da crise aérea não fossem tão negativos".
"Levará alguns meses para digerir as consequências desta crise",
ressaltou Rifai, destacando que é possível aprender lições com isso,
como "somos vulneráveis" e "como o mundo não pode funcionar sem
conexões, sem que as pessoas possam viajar".
Durante a última semana, a nuvem de cinzas causada pela erupção
do vulcão islandês levou ao fechamento de grande parte do espaço
aéreo europeu, o que afetou dezenas de milhares de passageiros e
provocou inúmeras perdas econômicas às companhias aéreas. EFE