Bruxelas, 3 jun (EFE).- Os cidadãos da União Europeia (UE)
escolherão de amanhã a domingo os integrantes do Parlamento Europeu,
na maior assembleia democrática do mundo.
Desde as primeiras eleições diretas similares, realizadas em
1979, os poderes do bloco europeu não pararam de crescer.
Agora, mais de 375 milhões de pessoas dos 27 Estados-membros da
UE poderão escolher, para mandato de cinco anos, seus 736
representantes.
O Parlamento Europeu encarna a soberania popular em escala
continental, embora seja ainda desconhecido para a grande maioria.
Nos últimos anos, o poder e a influência dos eurodeputados cresceram
constantemente, com sucessivos tratados e reformas apresentados.
Única assembleia supranacional no mundo escolhida mediante
sufrágio universal, o Parlamento Europeu é singular, descomunal em
todas as suas estatísticas e não menos polêmico.
Tem sua sede oficial em Estrasburgo (França), cidade que durante
séculos foi disputada de forma sangrenta por franceses e alemães.
A Eurocâmara divide sua atividade também entre dois outros
centros de trabalho, situados a várias centenas de quilômetros de
Estrasburgo: Bruxelas e Luxemburgo.
Na cidade francesa é realizada a maior parte das sessões
plenárias - pelo menos 12 ao ano. Em Bruxelas, se reúnem as
comissões parlamentares e os chamados "miniplenários". E em
Luxemburgo estão estabelecidos os serviços administrativos da
instituição.
Essa conexão permanente custa 120 milhões de euros suplementares
ao ano, segundo cálculos do próprio Parlamento.
O órgão trabalha nas 23 línguas oficiais da UE, com 800 a mil
intérpretes sendo necessários para cada sessão plenária. Um terço
das despesas totais do Parlamento tem relação direta com
necessidades de tradução.
Na instituição, os deputados não se reúnem por nacionalidades,
mas por afinidade ideológica.
Atualmente existem sete grupos políticos no Parlamento Europeu,
além dos deputados independentes.
Os principais blocos são Partido Popular Europeu-Democratas
Europeus (PPE-DE); Partido Socialista Europeu (PSE); Aliança
Liberal-Democrata para a Europa (Alde); União para a Europa das
Nações (UEN, de caráter soberanista); e Verdes-Aliança Livre
Europeia (Verdes-ALE).
O Tratado de Lisboa ampliará ainda mais as áreas nas quais o
Parlamento poderá legislar em pé de igualdade com o Conselho
Europeu, instituição realmente decisória e composta por ministros e
representantes dos 27 Governos que formam a UE.
O novo tratado foi assinado em dezembro de 2007 mas ainda está
pendente de ratificação.
O novo Parlamento será eleito sob as disposições do tratado em
vigor, o de Nice, que obriga a reduzir a 736 o número de deputados,
a partir dos 785 atuais.
Se o acordo de Lisboa entrar em vigor, no entanto, esse número
voltará a aumentar, desta vez para 751.
Não existe uma prática uniforme para as eleições europeias, e
essa disparidade se reflete em questões como a divisão do território
eleitoral ou sistemas de voto e de atribuição de cadeiras.
Embora na maioria dos estados haja uma circunscrição nacional
única, em Bélgica, França, Irlanda, Itália, Polônia e Reino Unido
existem circunscrições regionais.
A norma é que o voto seja facultativo, mas em alguns países -
Bélgica, Luxemburgo, Grécia e Chipre - votar é obrigatório.
O dia das eleições também não será o mesmo: Reino Unido e Holanda
votarão nesta quinta-feira. A Irlanda fará o mesmo no dia seguinte.
Letônia, Malta, Eslováquia e Chipre comparecerão às urnas no dia 6.
E o restante participará do processo no domingo.
Os italianos poderão votar em dois dias (sábado e domingo), assim
como os tchecos (sexta e sábado).
A partir das 17h (Brasília) do próximo domingo começarão a ser
divulgados os resultados nacionais oficiais, e meia hora depois o
Parlamento deverá anunciar a primeira projeção da composição da nova
Eurocâmara. EFE