São Paulo, 5 ago (EFE).- Os principais candidatos à Presidência
protagonizaram uma morna discussão sobre os problemas nacionais no
primeiro debate televisivo para as eleições de 3 de outubro, marcado
pela escassez de propostas de Governo.
O debate, organizado pela rede "Bandeirantes", teve a
participação da candidata governista, Dilma Rousseff (PT), e de José
Serra (PSDB); Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).
Dilma e Serra, os melhores colocados nas pesquisas de intenções
de voto, polarizaram uma discussão na qual se falou muito de
programas sociais, mas muito pouco sobre economia e nada sobre
relações internacionais.
"Nos impostos, defendo uma reforma tributária que não encareça os
investimentos", disse Dilma, favorita nas enquetes com uma vantagem
de entre cinco e dez pontos sobre Serra, segundo as duas pesquisas
divulgadas na última semana.
Serra ressaltou que "o Brasil segue com a maior taxa de juros do
mundo" e propôs uma reforma tributária que crie benefícios para os
consumidores que pagam impostos, um programa semelhante ao que
implantou no estado de São Paulo quando foi governador.
Ao falar da luta contra a insegurança, Serra disse que, se for
eleito, criará o Ministério de Segurança, enquanto Dilma assegurou
que optará pelo modelo das Unidades de Polícia Pacificadora,
programa implantado pelo Governo estadual em favelas do Rio de
Janeiro.
Dilma e Serra trocaram farpas sobre as gestões de seus partidos
no poder, enquanto a candidata do PV ficou relegada ao segundo
plano, e Plínio de Arruda, de 80 anos, chamou atenção com seus
comentários irônicos sobre a política brasileira e seus rivais.
Plínio, que participou, em 1980, da fundação do PT (ao lado de
Lula) e deixou o partido em 2005, em protesto pelos graves
escândalos de corrupção, é desde então um forte crítico do Governo e
de seus ex-companheiros de militância.
O candidato do PSOL, que praticamente não aparece nas pesquisas
sobre intenções de voto, se apresentou esta noite como a única
alternativa real para as próximas eleições.
"Imagino que estão surpreendidos por que antes eram só três e
apareceu mais um", disse Plínio, e em seguida afirmou que a imprensa
"esqueceu minha candidatura", o que atribuiu ao fato de seu partido
querer apresentar uma alternativa ao "modelo de desigualdade"
vigente.
O candidato fez o auditório rir ao chamar Serra de
"hipocondríaco" pois dedicou a maior parte do tempo de debate a
falar sobre saúde, uma de suas áreas preferidas (Serra foi ministro
da pasta no Governo Fernando Henrique), enquanto Marina, que como
ele também foi militante do PT, o chamou de "eco-capitalista".
"O senhor defende a ecologia até conseguir lucro", disse a
candidata do PV, que esteve apagada no debate.
No entanto, Plínio guardou o melhor de sua munição para Dilma, a
quem disse: "considero suas respostas absolutamente insatisfatórias"
e comentou com ironia que a candidata de Lula como se apresente como
"mãe dos pobres".
Dilma, que ao contrário de seus rivais não tem nenhuma
experiência em campanhas políticas e participou do primeiro debate
eleitoral de sua vida, esteve bastante nervosa, o que foi
aproveitado ao máximo por seus rivais.
Durante a campanha estão previstos outros três debates de
televisão, nos dias 12, 28 e 30 de setembro, e um pela internet,
marcado para 18 de agosto e promovido pelo portal "UOL" e pelo
jornal "Folha de São Paulo", e para o qual Plínio não foi convidado.
EFE