Porto Príncipe, 17 jan (EFE).- A distribuição de comida aos
centenas de milhares de desabrigados pelo terremoto de terça-feira
passada no Haiti enfrenta dificuldades por razões de segurança,
segundo fontes humanitárias e do contingente da ONU.
Os constantes tumultos durante as operações de distribuição de
mantimentos fizeram com que as agências da ONU e o Governo haitiano
precisem de fortes contingentes de segurança durante essas
atividades.
No Champ de Mars, uma enorme praça em frente ao palácio
presidencial, uma equipe boliviana distribuiu hoje quatro mil litros
de água. De seus 80 homens, dez se encarregavam da distribuição. Os
outros 70 tinham como função manter a segurança e a ordem nas filas.
"Não anunciamos nunca o local onde vamos distribuir comida para
evitar tumultos", declarou à Agência Efe o capitão Marco León Peña,
do contingente boliviano da Minustah, a missão da ONU no Haiti.
León Peña e outras testemunhas relataram cenas de caos e
agressões durante operações de distribuição de comida. O Exército
americano optou em algumas ocasiões por lançar os pacotes de comida
de helicópteros.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cuja chegada ao Haiti é
esperada para hoje, reconheceu a lentidão das operações de ajuda no
país.
Em muitos pontos da capital haitiana, Porto Príncipe, é possível
ver cartazes com mensagens como "SOS" ou "Ajuda" escritas em vários
idiomas.
O terremoto de 7 graus na escala Richter aconteceu às 19h53 de
Brasília da terça-feira e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto
Príncipe. A Cruz Vermelha do Haiti estima que o número de mortos
ficará entre 45 mil e 50 mil.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro do país, Jean Max Bellerive,
havia falado de "centenas de milhares" de mortos.
O Exército brasileiro confirmou que pelo menos 14 militares do
país que participam da Minustah morreram em consequência do
terremoto.
A médica Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da
Criança, ligada à Igreja Católica, e Luiz Carlos da Costa, número
dois da missão da ONU no Haiti, também morreram no tremor. EFE