Washington, 24 jun (EFE).- O Federal Reserve (Fed, o banco
central americano) manteve hoje as taxas de juros nos Estados
Unidos, apesar de registrar um menor ritmo de contração da economia
e uma inflação contida.
Além disso, o Fed anunciou que continuará com seu ambicioso plano
de compra de dívidas privadas e do Tesouro.
No final de uma reunião de dois dias, o Comitê de Mercado Aberto
do banco central americano anunciou que as taxas de juros de
referência continuarão em seu nível atual, entre 0% e 0,25%.
O Fed acredita que "as condições econômicas provavelmente
justificarão níveis excepcionalmente baixos de taxas de juros por um
período extenso", afirmou o comunicado divulgado depois das
discussões.
As condições econômicas, na opinião dos membros do Comitê,
"provavelmente conterão as pressões dos custos e a inflação
continuará moderada por vários meses".
O Fed assinalou, além disso, que "o ritmo de contração econômica
está diminuindo" e que "as condições nos mercados financeiros, em
termos gerais, melhoraram".
Os indícios de que a recessão, que começou em dezembro de 2007,
chegou ao fundo do poço continuam aparecendo em diferentes áreas
econômicas, como nas vendas de imóveis e nos pedidos de bens às
fábricas.
Mas o índice de desemprego, que foi de 9,4% em maio, poderia
subir a quase 10% em junho ou nos próximos meses, segundo a Casa
Branca.
O desemprego continuará crescendo, mesmo depois que a economia
melhorar, segundo os analistas, porque as empresas costumam manter
uma postura cautelosa na contratação de funcionários, até que
percebam uma melhoria real do mercado.
O Governo do presidente Barack Obama, que em fevereiro colocou em
prática um plano de estímulo econômico de US$ 787 bilhões, deve
conseguir lidar com a possibilidade de que a expansão dos
compromissos governamentais resulte em inflação. Esta preocupação
aumenta os rendimentos dos bônus do Tesouro e pode frear a
reativação econômica.
O Fed assinalou hoje em seu comunicado que "vigia atentamente o
tamanho e a composição de sua folha de balanços e fará os ajustes em
seus programas de crédito e liquidez de acordo com a necessidade".
Os ativos totais na folha de balanços do banco central americano
cresceram em US$ 1,17 trilhão no último ano e chegaram a US$ 2,07
trilhões, como resultado dos empréstimos do Fed a bancos emissores
de letras de câmbio comerciais e da compra de bônus para sustentar o
fluxo de crédito aos consumidores e às empresas.
Para continuar dando respaldo aos mercados financeiro e
imobiliário, o Fed adquirirá um total de US$ 1,25 trilhão em títulos
de hipotecas e até US$ 200 bilhões de dívidas, antes do fim de ano,
acrescenta o comunicado.
Alguns economistas esperavam que o Fed fizesse uma pausa em suas
aquisições de bônus do Tesouro.
Todas as medidas do banco central para injetar dinheiro nos
mercados aumentaram as reservas bancárias muito acima dos níveis
típicos e alguns economistas advertiram que essas reservas são
fundamentais para conter uma explosão de inflação.
Os rendimentos nos bônus do Tesouro de dez anos estão mais de um
ponto percentual acima do nível anunciado pelo Fed, no dia 18 de
março, em seu programa de aquisições. A previsão era de 2,53% e,
nesta manhã, antes da abertura dos mercados, os rendimentos eram de
3,67%.
Um efeito disto é que as taxas de juros hipotecários subiram
juntos com os rendimentos, o que pode impedir uma recuperação
robusta do mercado imobiliário.
A taxa hipotecária média, em empréstimos de 30 anos, era de em
torno de 5% no final de maio e na semana passada era de 5,38%. EFE