Teresa Bouza.
Washington, 28 abr (EFE).- O Federal Reserve (Fed, banco central)
renovou hoje a promessa de manter a taxa básica de juros em níveis
próximos a zero durante um "período extenso", mas reconheceu que a
economia dos Estados Unidos ganha força e que o mercado de trabalho
dá sinais de melhora.
"A informação recebida desde a reunião do Comitê de Mercado
Aberto do Federal Reserve em março sugere que a atividade econômica
continuou se fortalecendo e que o mercado de trabalho está começando
a melhorar", disse o BC americano em comunicado divulgado ao fim de
dois dias de reuniões.
A autoridade monetária explicou, de todo modo, que o setor
imobiliário segue em baixa e que os empréstimos bancários tiveram
contração.
O Fed antecipou que a recuperação será "moderada" e que
acontecerá em um contexto de "estabilidade de preços". Prevê, ao
mesmo tempo, que a inflação seguirá baixa por "algum tempo".
"As condições econômicas, incluindo as baixas taxas de utilização
de recursos, as tendências de inflação contida e expectativas
inflacionárias estáveis garantam níveis excepcionalmente baixos das
taxas de juros federais por um período extenso de tempo", diz o
texto.
O presidente do Fed no Kansas, Thomas Hoenig, discordou pela
terceira vez consecutiva da decisão de manter a política monetária
sem mudanças, ao dizer que isso pode levar a "futuros
desequilíbrios".
A economia americana saiu da pior recessão das últimas sete
décadas com mais força que o esperado.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 5,6% no último
trimestre de 2009 e espera-se um aumento de 3,4% nos três primeiros
meses do ano.
O Fed espera que o PIB aumente 3,1% no conjunto do ano. Mesmo
assim, o mercado de trabalho segue fragilizado e o índice de
desemprego, a 9,7%, está em níveis historicamente altos.
A reunião do banco central dos EUA foi realizada, além disso,
entre uma crescente preocupação com o déficit nacional.
Nesse sentido, o presidente do Fed, Ben Bernanke, insistiu ontem
sobre a necessidade de cortar o déficit federal e assinalou que, se
isso não for feito, a economia americana sofrerá.
"O caminho que temos pela frente inclui muitas concessões e
eleições difíceis", afirmou Bernanke, que advertiu que adiar essas
decisões e não conseguir que as finanças do país tenham um ritmo
sustentável teria um custo elevado.
À preocupação com o elevado déficit americano se soma o
nervosismo gerado pela crise na Grécia e a possibilidade de que a
situação contagie outros países desenvolvidos demasiadamente
endividados.
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou
hoje o rating da dívida espanhola de AA+ para AA, com perspectiva
negativa, ao considerar que o país poderia sofrer um "período
adicional de crescimento frágil".
O rebaixamento acontece um dia depois de a mesma Standard &
Poor's também diminuir a nota portuguesa e colocar a grega em BB+, o
primeiro patamar na categoria especulativa.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse hoje, no avião Air
Force One, que a crise da dívida grega e seu possível contágio a
outros países europeus despertam "grande preocupação" nele. EFE