Teresa Bouza.
Washington, 13 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou nesta quarta-feira que o financiamento para os bancos e entidades soberanas em países vulneráveis da zona do euro é o maior desafio à estabilidade financeira mundial.
"Nos próximos meses, o desafio mais difícil será o financiamento para os bancos e entidades soberanas, principalmente em alguns países vulneráveis da zona do euro", afirmou o FMI em seu relatório sobre "Estabilidade Financeira Global".
Divulgado nesta quarta, o estudo detalha que quase quatro anos após a explosão da crise financeira, as fragilidades nos balanços bancários seguem colocando em risco à estabilidade financeira global e a recuperação econômica.
Além disso, o FMI adverte que os riscos geopolíticos poderiam colocar afetas as perspectivas econômicas e financeiras globais e aponta em direção à crescente escalada dos preços do petróleo pelas revoltas no Oriente Médio e no norte da África.
Com relação ao recente terremoto e posterior tsunami no Japão, o estudo menciona, por outro lado, que os riscos à estabilidade financeira são "contornáveis".
Mesmo assim, precisa que as interrupções no abastecimento de energia elétrica e nas redes de distribuição e os problemas na usina nuclear de Fukushima Daichii colocam inúmeras incertezas sobre o impacto no crescimento japonês e o custo total dos danos.
Mas a verdadeira batata quente está na dívida soberana, lembra o FMI, a crescente volatilidade nos mercados de bônus soberanos de alguns países europeus durante os seis últimos meses.
O organismo alerta que os problemas de dívida soberana poderiam ultrapassar as fronteiras da zona do euro e lembra que tanto os Estados Unidos quanto o Japão são "sensíveis" as maiores cargas de financiamento se as taxas de juros tiverem altas "substanciais" a partir dos níveis atuais.
Apesar disso, o FMI destaca que os bancos americanos progrediram mais do que os europeus na hora de aumentar seu capital e contar com capital de qualidade.
Os bancos europeus avançaram menos na hora de prolongar os vencimentos de sua dívida e seguem sendo "muito dependentes" dos mercados atacadistas, revela FMI.
Nesse sentido, o organismo destaca que os bancos menores europeus dependem cada vez mais dos mercados de bônus e o Banco Central Europeu (BCE) para encontrar financiamento.
Em linhas gerais, o fundo assinala que as perspectivas do setor financeiro da zona do euro seguem vinculadas à evolução dos mercados de dívida soberana.
"Embora os aportes de capital tenham aumentado a partir da explosão da crise, muitos bancos ainda despertam dúvidas dos investidores sobre seu futuro", destaca o estudo.
O contágio da dívida soberana ao setor financeiro "reflete o fato de que os rebaixamentos das classificações dos bancos frequentemente ocorrem após os rebaixamentos da dívida soberana".
Além disso, "existe a percepção de uma erosão de forma implícita ou explícita das garantias do Governo ao setor bancário na medida em que aumenta a pressão sobre a dívida soberana".
O relatório aponta que "os problemas são mais agudos naqueles países da zona do euro nos quais uma situação muito adversa nos mercados imobiliários pressagia maiores perdas e onde as tensões nos balanços públicos lastram a credibilidade dos bancos".
O fundo chama atenção ainda para a dificuldade dos bancos terem acesso a financiamentos baratos. Nesse ponto, o relatório destaca que quase todos os bancos gregos, irlandeses e portugueses, assim como muitas das caixas espanholas e alguns bancos regionais públicos alemães (Landesbanken), enfrentam elevados custos de financiamento.
E se ocorrerem más notícias adicionais nos mercados, um grande número dessas instituições poderiam ter "dificuldades" de refinanciamento.
O relatório destaca que tanto Espanha quanto a Irlanda, Alemanha, Grã-Bretanha e os Estados Unidos fizeram ou estão fazendo "consideráveis esforços" para esclarecer exatamente quais são suas perdas, aumentar o capital e implementar planos no sistema bancário.
Mas o fundo insiste em que é necessário reforçar essas medidas, ampliá-la a todo o sistema bancário em cada país e estendê-las a um número maior de economias para garantir que as vulnerabilidades no sistema se eliminam de uma vez por todas. EFE