Alfonso Fernández.
Washington, 24 set (EFE).- A economia mundial está "na metade do caminho" para superar a crise e a eurozona "fará o necessário" para garantir a estabilidade financeira - estas foram as conclusões das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou neste sábado que, após as medidas adotadas nos últimos meses, a economia mundial está "na metade do caminho" para sair da crise, mas se encontra em uma "fase crítica e perigosa".
A declaração de Lagarde foi uma das poucas que saíram do tom pessimista geral da reunião do FMI e do BM, que revisaram em baixa seus dados sobre as perspectivas econômicas mundiais para 2011 e 2012, especialmente nas economias avançadas.
No comunicado divulgado após a reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional do Fundo, os membros do FMI destacaram o compromisso "dos colegas da zona do euro para fazer o necessário para garantir a estabilidade financeira".
A Europa, sua crise de dívida e a volatilidade financeira foram o núcleo em torno do qual giraram os encontros dos organismos multilaterais.
Na quinta-feira passada, o Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) emitiu um comunicado diante da "gravidade" da situação financeira internacional no qual solicitaram uma resposta "coordenada e urgente".
No entanto, os mercados não reagiram à chamada do G20, fórum que em 2008 impulsionou a saída da crise de 2008, e que deixava a solução da crise nas mãos dos europeus.
Com sua declaração e compromisso final, o FMI deu um passo contrário ao expressar a existência de "um sentimento partilhado da urgência da atuação" entre os membros do organismo multilateral.
Previamente, os europeus tinham juntado forças ao redor das medidas aprovadas na cúpula europeia de julho para criação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para reforçar a capacidade de resposta coordenada da zona do euro.
Tanto François Baron, ministro das Finanças da França e porta-voz do G20, como o comissário europeu, Olli Rehn, se referiram ao FEEF como instrumento básico da estratégia comum europeia.
"A estratégia está em andamento (...) Antes de pensar em uma alternativa, é preciso implementar as que já estão em andamento (o FEEF). Acreditamos em sua eficácia", detalhou o ministro francês na entrevista coletiva do G20 na sexta-feira.
Além disso, Rehn expressou sua confiança "que todos os membros da zona terão ratificado o acordo até o final de setembro".
No entanto, alguns pesos pesados de fora da zona do euro questionaram a efetividade das medidas tomadas até agora e exigiram mais ações para eliminar a atual volatilidade e incerteza.
"A eurozona tem seis semanas para solucionar a crise da região", pressionou George Osborne, ministro das Finanças do Reino Unido.
Mais contundente foi o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, que pediu que a Europa detenha urgentemente "a ameaça de uma cascata de quebras bancárias".
Em relação ao futuro, Lagarde encorajou um reforço dos recursos financeiros das instituições multilaterais perante a envergadura dos potenciais desafios e ressaltou a importância da "rápida" aplicação do aumento da cota dos países-membros aprovado em 2010.
Para a chefe do FMI, a capacidade de empréstimos da instituição (de US$ 400 bilhões) "parece suficiente hoje, mas se enfraquece em comparação com as potenciais necessidades financeiras de países vulneráveis e outros afetados pela crise". EFE