Teresa Bouza.
Washington, 19 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta terça-feira aos países da zona do euro que ajam de forma urgente para conter a crise financeira e alertou para "grandes consequências globais" caso os problemas das nações periféricas do bloco se alastrem a países centrais da região.
"Uma intensificação da crise da zona do euro, sobretudo se a tensão se estender à região central, poderia ter grandes consequências globais", advertiu o Fundo, que publicou nesta terça-feira seu relatório anual sobre a economia da zona do euro.
"Os atrasos na resolução das crises poderiam ser custosos para a zona do euro e para a economia global", insistiu o FMI.
Para impedir um recrudescimento da situação, que ameaça agora arrastar a Itália e a Espanha, o Fundo pediu que se implementem plenamente os programas de ajuste fiscal na Grécia, Portugal e Irlanda.
Essa implementação, segundo o FMI, deve ser acompanhada de um financiamento "adequado" que respalde a viabilidade da dívida e soluções baseadas no setor privado para os problemas bancários.
O conselho executivo do FMI defendeu após analisar as conclusões do relatório, que se mantenham as medidas de apoio monetário o tempo que for necessário e que se amplie o capital dos bancos além dos requisitos do acordo Basileia III, que estabelece padrões globais de disciplina fiscal.
Nesse sentido, Luc Everaert, responsável do FMI para políticas à zona do euro, assinalou nesta terça-feira em entrevista coletiva telefônica que "a maioria dos bancos deveria reforçar seus cofres de capital, pois isso reforçaria a confiança na capacidade para superar lacunas como esta".
O alto funcionário considera provável que a Europa necessite aumentar os recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) para prestar auxílio econômico a países com problemas de financiamento.
O EFSF, com fundos comprometidos de aproximadamente 500 bilhões de euros (R$ 1,1 trilhão), deveria ser também um veículo mais flexível com capacidade, entre outras, para adquirir bônus nos mercados secundários, destacou Everaert.
Além disso, segundo o Fundo, a zona do euro precisa melhorar sua governabilidade e ampliar a coordenação em aspectos como o da supervisão.
O organismo pediu também que a Europa se livre o mais rápido possível da "grande incerteza" que existe sobre o papel que terão os credores privados no resgate financeiro da Grécia. "O debate sobre o alcance da participação do setor privado segue aberto e essa é uma grande incerteza que deve ser resolvida", afirmou Everaert.
Ele ressaltou que existem diversas formas de abordar o problema, mas insistiu que a mais importante é acabar com essa dúvida. "O que é bom para a zona do euro, também é bom e essencial para o resto do mundo", destacou.
O relatório é divulgado às vésperas da cúpula extraordinária de líderes da zona do euro da quinta-feira, na qual se buscará uma solução definitiva para a crise grega que desative o risco de contágio a países como Espanha e Itália.
De qualquer forma, a chanceler alemã, Angela Merkel, descartou nesta terça-feira que a reunião culmine com um resultado "espetacular" que ponha fim a todos os males da economia grega.
Diante dessas declarações, Everaert ressaltou que, em situações como a atual, quanto mais rápido se agir, melhor.
O alto funcionário do FMI assinalou que as "declarações contraditórias" sobre como enfrentar o problema da dívida soberana na Grécia contribuíram para as incertezas.
Os ministros das Finanças da zona do euro insistiram neste mês na necessidade de conseguir que a dívida grega alcance níveis "sustentáveis", mas admitiram que não existe uma fórmula clara sobre como alcançar esse objetivo.
O Banco Central Europeu (BCE) alertou que, se as agências de classificação de risco avaliarem a situação da Grécia como "default seletivo" (moratória seletiva), haveria um colapso do sistema bancário do país em questão de dias. EFE