Por Eva Taylor e Paul Taylor
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu está considerando uma abordagem híbrida para compras de títulos do governo que combinaria a compra de dívida por parte do BCE com a partilha de riscos em toda a zona do euro e, em um aceno para os alemães, compras separadas por bancos centrais nacionais.
Fontes familiarizadas com as discussões disseram que essa opção de compra de títulos, também conhecida como quantitative easing (QE), está entre as ferramentas que o BCE está preparando antes de sua reunião de política monetária, em 22 de janeiro, caso decida agir para enfrentar a queda dos preços ao consumidor e o crescente risco de deflação na zona euro.
Vários planos QE estão em discussão e nada foi decidido até agora.
O debate reflete os esforços do BCE para a construção de um programa robusto que atenda às preocupações alemãs sobre quanto risco teria de assumir, mas também agrada os investidores antecipando um pedido de impressão de dinheiro.
Mas Paul de Grauwe, economista da Escola de Economia de Londres, alertou que qualquer movimento para transferir a responsabilidade e o risco de compra de títulos a bancos centrais nacionais representava uma grave ameaça para a zona euro.
"Isso seria uma espécie de passo para a desintegração da zona do euro", disse ele. "Isso cria a percepção de que o bloco não é totalmente unificado... que isso não é uma união monetária".
O Conselho do BCE discutiu a situação atual em um jantar na quarta-feira à noite, quando se reuniram para uma reunião regular. Uma fonte do banco central disse que havia "claramente mais consenso do que antes", de que o QE pode ser necessário.
"No resto, ainda há muitas opiniões divergentes sobre toda a gama de questões - volume, aberto ou fechado, partilha de risco ou não, se há contingências e quais. Ainda está muito aberto", disse a fonte.
Um montante de 500 bilhões de euros foi sugerido por especialistas do BCE em uma apresentação, acrescentou uma outra fonte.
Uma terceira fonte do banco central disse que uma das opções discutida foi aquela em que o BCE compraria uma determinada fatia do total do programa e, em caso de default, o risco seria compartilhado entre os bancos centrais nacionais em função da sua participação de capital.
A parte restante do volume do programa seria comprada pelos bancos centrais nacionais, mas em seu próprio risco.
"Não houve oposição fundamental contra esta opção na quarta-feira", disse a fonte. "Isso poderia ser uma opção com a qual o Bundesbank (banco central alemão) poderia concordar". Mas a fonte disse que não havias uma decisão ainda e que as discussões permaneciam abertas.
O BCE e o Bundesbank não comentaram. OLBRBUS Reuters Brazil Online Report Business News 20150109T181240+0000