Rio de Janeiro, 22 mar (EFE).- Pouco mais da metade dos 5.565 municípios brasileiros terá déficit de abastecimento de água em 2015, mesmo o Brasil sendo a maior potência hídrica do mundo, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira pela Agência Nacional das Águas (ANA).
A entidade calcula que o Brasil precisará investir R$ 22 bilhões nos próximos cinco anos para impedir que 55% dos municípios do país enfrentem problemas de abastecimento.
O diagnóstico faz parte do "Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água", um estudo sobre as tendências de demanda e oferta do líquido nas cidades brasileiras, divulgado nesta terça-feira por ocasião do Dia Mundial da Água.
Segundo a ANA, nem o Brasil se salvará da escassez mundial de água, mesmo tendo o maior potencial hídrico do planeta.
Além da enorme diversidade de rios, o Brasil também se beneficia pelo Aquífero Guarani, maior reserva subterrânea de água do mundo.
O estudo, que analisou a disponibilidade hídrica, o crescimento da população e as condições de infraestrutura dos municípios, conclui que, em cinco anos, a demanda de água será maior que a oferta em 55% das cidades.
Entre os municípios que terão problemas para atender à demanda, estão grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.
As cidades com problemas de abastecimento de água terão em 2015 cerca de 125 milhões de habitantes, cerca de 71% da população brasileira de então.
Os técnicos estimam que, com um crescimento de 45 milhões no número de habitantes até 2025, o Brasil precisará elevar sua oferta de água em 137 mil litros por segundo para satisfazer a demanda da população.
Atualmente, o país oferece 587 mil litros de água por segundo para uma demanda calculada em 543 mil litros por segundo.
"A maior parte dos problemas de abastecimento urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção, impondo alternativas técnicas para a ampliação das unidades de captação, adução e tratamento", indica o estudo.
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, disse que o "Atlas" servirá para orientar o planejamento da gestão das águas no Brasil. "Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual", afirma Andreu. EFE