SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quinta-feira que é preciso tomar cuidado para que não sejam aprovadas medidas que exijam aumento de impostos, e que o Senado Federal deve analisar com atenção a flexibilização do Fator Previdenciário para evitar aumento de custos.
"Tem muita gente que diz que a retirada do fator previdenciário vai aumentar as despesas, portanto aumentar os impostos, e as pessoas têm que ter muito cuidado para quando votarem não criarem uma nova necessidade de mais impostos", disse Levy a jornalistas após participar do evento "Global Summit of Women", em São Paulo.
Na noite de quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda à Medida Provisória 664 que permite a flexibilização do Fator Previdenciário, mecanismo que limita o valor da aposentadoria de pessoas mais novas, uma alteração que não contava com o apoio do Palácio do Planalto.
Levy evitou falar sobre os efeitos dessa aprovação nas medidas de ajuste fiscal, afirmando que é preciso esperar a avaliação da MP pelo Senado.
"A gente não deve se pronunciar antes do Senado também fazer a avaliação dele, até pela questão que foi levantada aqui, de o evento poder ter maior impacto com necessidades de aumentar impostos, dependendo do que venha a ser decidido. Mas por enquanto a possibilidade que foi levantada tem que ser muito bem analisada pelo Senado. Não adianta falar antes disso."
Segundo Levy, a presidente Dilma Rousseff criou uma comissão no fim do mês passado com lideranças sindicais para discutir os fatores relevantes aos trabalhadores, incluindo as maneiras de acesso à aposentadoria. "E uma das quais tem funcionado muito bem no Brasil nos últimos anos é a modulação do Fator Previdenciário", disse.
Levy voltou a defender a importância das medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo, como meio de garantir a retomada do crescimento e a confiança dos investidores.
"O ajuste fiscal vai trazer resultado tão mais rápido quanto a gente complete a votação das medidas e estabeleça as despesas necessárias para que as contas públicas tenham equilíbrio... para dar garantia de que o Brasil está equilibrado e, portanto, vale a pena investir", afirmou.
(Por Flavia Bohone)