Por Matt Spetalnick e Daniel Trotta
CIDADE DO PANAMÁ (Reuters) - O presidente norte-americano Barack Obama desafiou os líderes latino-americanos neste sábado a melhorarem os direitos humanos e a democracia, enquanto ele trabalha para colocar fim a décadas de hostilidade entre os Estados Unidos e Cuba.
Obama ganhou elogios em grande parte da América Latina por tentar reatar as relações diplomáticas com Cuba e apertou a mão do presidente Raul Castro em uma demonstração de tranquilidade na sexta-feira à noite, mas assumiu uma linha mais dura neste sábado, em seu discurso na plenária da VII Cúpula do Américas no Panamá.
"Eu acredito que os nossos governos juntos têm a obrigação de defender a liberdade e os direitos universais de todos os nossos cidadãos", disse Obama a outros líderes de todas as Américas. "As vozes dos nossos cidadãos devem ser ouvidos."
Respondendo às críticas de outros líderes acerca da política dos EUA no passado na América Latina, incluindo o seu apoio de golpes militares e ditaduras durante a Guerra Fria, Obama disse que o histórico de Washington estava longe de ser perfeito, mas que mudou e que ele continuaria a pressionar por uma maior democracia.
"Eu só quero deixar bem claro que quando falamos em algo como os direitos humanos, não é porque nós pensamos que somos perfeitos, mas é porque pensamos que a ideia de não prender as pessoas se eles não concordam com você é a ideia certa", disse Obama.
Acenando com as mãos para dar ênfase, Castro condenou os Estados Unidos por suas tentativas de derrubar o regime comunista na ilha, mas ele elogiou Obama como "um homem honesto" e disse que ele não era o culpado por políticas dos Estados Unidos durante a Guerra Fria.
"Peço desculpas ao presidente Obama, porque ele não é responsável por nada disso", disse o líder cubano de 83.
Obama e Castro devem se reunir ainda neste sábado para discutir o progresso na sua meta, anunciada por ambos em dezembro, de reestabelecer relações diplomáticas plenas e liberar o comércio e as viagens entre os dois países.
Eles apertaram as mãos na cerimônia de abertura da cúpula na sexta-feira à noite, um gesto destacando a melhora gritante nas relações ao longo dos últimos meses.
Obama, de 53 anos, parece perto de retirar Cuba de uma lista norte-americana de países que os EUA dizem que patrocinam o terrorismo. Castro tem insistido na questão como condição para restaurar os laços diplomáticos.
Em seu discurso, Castro celebrou o anúncio do presidente norte-americano de que ele vai decidir rapidamente sobre a presença de Cuba na lista e prometeu diálogo respeitoso conforme os Estados Unidos buscam a aproximação.
(Com reportagem adicional de Dave Graham)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447764))
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