Comitê de Política Monetária do Banco Central manteve a taxa básica de juros, Selic, em 14,25% ao ano. Esta foi a primeira reunião do Copom sob a presidência de Ilan Goldfajn (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
SÃO PAULO - Bom dia! Aqui está a sua dose diária do Espresso Financista™:
Apito inicial
A decisão de deixar a Selic parada em 14,25% ao ano simboliza mais uma vitória da equipe econômica contra a ala política do governo. O reforço à ortodoxia é bem-vindo após Eliseu Padilha sinalizar desejo do governo pelo corte no juro básico, o que foi logo repreendido por Michel Temer em sua conta no Twitter: "O Banco Central tem plena autonomia pra definir a taxa de juros". No primeiro round, a disputa se concentrou no tamanho do rombo fiscal de 2017. Padilha afirmou que repetir os R$ 170 bilhões deste ano estava de bom tamanho. Henrique Meirelles defendia um rombo menor. Venceu.
Ao justificar a estabilidade da taxa Selic em comunicado diferente dos anteriores, maior e mais detalhado, o colegiado comandado por Ilan Goldfan apontou que "tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária." Para economistas, a possibilidade de redução em agosto está descartada, com o fortalecimento das apostas para a reunião de outubro - ou até mais tarde.
"Em um comunicado claro e conciso, o Banco Central demonstrou a necessidade de continuidade dos ajustes, principalmente na linha fiscal, para que o processo de afrouxamento monetário seja retomado no Brasil. Deste modo, o comitê passou para o governo a responsabilidade de acelerar o processo de ajustes e abrir espaço para corte de juros", opina o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, que prevê início do ciclo de afrouxamento monetário a partir da reunião de novembro.
O mercado brasileiro tende a repercutir os sinais da autoridade monetária em quinta-feira (21) de publicação da prévia da inflação oficial do país (IPCA-15) em julho. No mercado externo, investidores digerem resultados trimestrais das empresas enquanto aguardam a entrevista coletiva do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, após encontro de política monetária que deve manter o juro da zona do euro perto de zero. No Japão, o banco central eliminou a possibilidade iniciativas mais agressivas de injeção de estímulos econômicos. Por fim, a declaração de estado de emergência na Turquia também entra no radar.
O poder e a economia
Temer passa reajuste sem vetos - O presidente interino Michel Temer sancionou nesta quarta-feira, sem vetos, o reajuste salarial para os servidores do Judiciário, incluindo os ministros do STF. No final de junho, o Senado aprovou um reajuste de 41,47 por cento para os servidores do Judiciário, que custará aos cofres públicos este ano R$ 1,7 bilhão.
Temer queima reservas - Para evitar um novo corte de gastos da União, de cerca de R$ 20 bilhões, o governo de Michel Temer decidiu que irá queimar recursos de parte de uma reserva do Orçamento. O dinheiro tinha sido separado para cobrir frustrações com a arrecadação de receitas. A medida deverá ser anunciada na sexta-feira (22), de acordo com informações da Folha de S.Paulo.
Teto dos gastos só em outubro - Apesar de Michel Temer ter pedido agilidade na aprovação da proposta que estabelece um teto para os gastos públicos, a previsão do relator da PEC, deputado Danilo Forte (PSB-CE), é lenta. Na avaliação dele, a medida só deve ser votada após o primeiro turno das eleições municipais. A informação é do Valor Econômico.
Gastos com publicidade aumentam - O governo federal ainda com Dilma Rousseff no Planalto aumentou seus gastos com publicidade em 65% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Um levantamento realizado pelo site Contas Abertas mostrou aumento de R$ 234,1 milhões para R$ 386,5 milhões em 2016, de acordo com o Estadão.
Jorge Gerdau (SA:GGBR4) encontra Temer e Padilha - O empresário Jorge Gerdau se encontrou ontem com Michel Temer e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, de acordo com o Estadão. O tema da conversa teria sido a melhora da eficiência da gestão federal. Gerdau se mostrou entusiasmado e entregou aos dois diversos estudos sobre o tema.
O que acontece no mundo corporativo
Desconstrutivismo - A Cyrela (SA:CCPR3) teve queda de 43,9% no volume de lançamentos no segundo trimestre, na comparação com mesmo período de 2015, para R$ 598 milhões. Já as vendas líquidas contratadas entre abril e junho somaram R$ 558 milhões, 31% menor.
Blackstone e JHSF (SA:JHSF3) iniciam conversas - O fundo norte-americano Blackstone começou conversas com a JHSF Participações para adquirir 50% dos shoppings da empresa, diz o Estadão. O portfólio da companhia conta com cinco empreendimentos e é avaliado em R$ 2 bilhões. A venda seria parte da estratégia da JHSF para reestruturar sua dívida de R$ 1,2 bilhão.
Cemig (SA:CMIG4) avalia vender participação na Light (SA:LIGT3) - A Cemig, estatal mineira de energia, estuda ceder o controle da distribuidora Light. De acordo com uma fonte ouvida pelo Valor, o plano ainda é preliminar e busca reduzir o endividamento da Cemig. A participação na Light é avaliada em R$ 3 bilhões e teriam mostrado interesse a Equatorial Energia (SA:EQTL3), a italiana Enel (MI:ENEI) e a chinesa State Grid.
Quase lá - A Vale (SA:VALE5) divulgará uma produção de 86 milhões de toneladas no segundo trimestre, incluindo aquisições de terceiros, segundo analistas consultados pela Bloomberg. O total contrasta com um recorde para o segundo trimestre de 89,3 milhões registrado um ano antes.
Um brinde - A AB InBev obteve o aval do Departamento de Justiça dos EUA para comprar a sul-africana SABMiller, um negócio de US$ 107 bilhões anunciado em novembro. Para conseguir a autorização, a empresa controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira aceitou uma série de restrições antitruste.
Subiu no telhado - A Petrópolis pode perder o direito de produzir e distribuir a cerveja Miller no Brasil. O motivo é que o aval dos EUA à conclusão da compra da SABMiller pela AB InBev vai destravar, por sua vez, outro negócio enroscado. Trata-se da venda da fatia da SABMiller na MillerCoors para a Molson Coors, que assumiria 100% da empresa. E, por tabela, o direito de produzir e vender a cerveja Miller fora dos EUA.
Uma gota no oceano - O juiz responsável pela recuperação judicial da Oi (SA:OIBR4) determinou que o Banco do Nordeste devolva quase R$ 68 milhões à operadora em 24 horas. Os recursos foram retidos pela instituição, após a empresa pedir a proteção da Lei de Falências. O banco alega que o contrato de financiamento assinado com a Oi lhe permite essa medida, mesmo em casos extremos. A dívida total da Oi é de R$ 65 bilhões.
Data vênia - A Eletrobrás decidiu recorrer à Justiça, após sindicatos recusarem sua proposta de reajuste salarial. Das 16 empresas que formam o grupo, quatro rejeitaram a oferta: Eletrobras (SA:ELET3) Holding, Eletrobrás Cepel, Furnas e Chesf. Embora numericamente pequeno, o grupo representa 10 mil dos 18 mil funcionários da estatal.
De volta ao lar - O governo federal deve indicar o ex-presidente e ex-conselheiro da Eletrobrás José Luiz Alquéres para presidir a nova formação do conselho de administração da elétrica, segundo a Reuters. Alquéres já foi presidente também da Light e da Alstom (PA:ALSO), e atualmente presta consultoria.
Efeito Orloff – A Standard&Poor’s manteve o rating da MRS Logística em BB (SA:BBAS3), na escala global. Trata-se do segundo na classificação especulativa. Sua perspectiva também permaneceu negativa. Motivo? Mesmo com a melhoria dos embarques de minério de ferro e commodities agrícolas, a companhia sofre com o rating soberano do Brasil. Segundo a S&P, se o país for rebaixado, a MRS vai junto.
Não é comigo, mas é – Uma decisão da Justiça de Mato Grosso anulou a licitação e o contrato de concessão de serviços de água e esgoto, firmado entre a Companhia de Águas do Brasil (CAB) e a Prefeitura de Cuiabá em 2011. Embora afirme que não faz parte da ação, a CAB informa que estudará as medidas legais cabíveis. A decisão é de 1ª instância.
Permissão para mandar – O Fundo de Participações Axxon Brazil adquiriu 7% do capital social da Mills Estruturas e Serviços de Engenharia. Com isso, já passa a ter direitos políticos na companhia, segundo acordo de acionistas firmados com os outros sócios da Mills. Mas há condições para que esses direitos se consolidem: a) alcançar 13% de participação em até 180 dias; b) dentro do bloco de acionistas, alcançar pelo menos 26% de participação.
Para comentar mais tarde
Tudo o que o Copom fará é ampliar liderança do Brasil em juros. Segundo a Infinity Asset Management, com a expectativa de queda a inflação nos próximos 12 meses e a taxa a 14,25%, os juros reais no Brasil serão de 8% ao ano. Trata-se de uma alta de 0,46 ponto percentual, em relação ao último Copom. Leia mais.