Moscou, 10 set (EFE).- O presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
reconheceu hoje, em Moscou, os separatismos da Ossétia do Sul e da
Abkházia, que se declararam independentes da Geórgia, e obteve do
Kremlin garantias de acesso às armas russas.
O anúncio feito pelo governante sul-americano a respeito das duas
regiões separatistas contribuiu para o sucesso das conversas com o
presidente russo, Dmitri Medvedev, que manifestou sua alegria pelo
cada vez maior "reconhecimento internacional" à independência da
Ossétia do Sul e da Abkházia, que têm o apoio político e militar de
Moscou.
Chávez também disse que seu Governo iniciará imediatamente os
procedimentos para que a Venezuela estabeleça relações diplomáticas
com as duas regiões do Cáucaso Norte.
Ao término das conversas, que aconteceram na casa de campo de
Barvija, nos arredores de Moscou, Medvedev declarou que a "Rússia
fornecerá os armamentos que a Venezuela pedir", segundo imagens da
TV russa.
O chefe do Kremlin afirmou que, "naturalmente", as vendas das
armas respeitarão as obrigações internacionais assumidas pela
Rússia.
"Também venderemos carros de combate. Sem dúvida. E por que não?
Temos bons tanques. E, se nossos amigos os encomendaram, os
forneceremos", acrescentou.
Às vésperas da chegada de Chávez a Moscou, fontes da indústria
militar russa disseram que era aguardada a assinatura de um contrato
para o fornecimento à Venezuela de US$ 500 milhões em carros de
combate T-72 e T-90.
No entanto, a informação foi desmentida pela Presidência russa,
que, posteriormente, explicou que nenhum contrato para a venda de
armas seria assinado durante a visita de Chávez, que visita a Rússia
pela oitava vez.
Hoje, no entanto, Medvedev confirmou que a cooperação militar é
um aspecto importante nas relações entre Moscou e Caracas.
"É um aspecto importante de nossas relações. Não escondemos isso.
Mas, por outro lado, não vou enganá-los: contratos deste tipo nem
sempre são assinados em público", disse o presidente russo à
imprensa.
Chávez, por sua vez, afirmou que a Venezuela ampliará sua
capacidade de defesa em resposta ao crescente cerco ao país.
Citado pela agência russa "RIA Novosti", o governante explicou
que a ocupação de sete bases militares da Colômbia por tropas
americanas é uma mostra das pretensões de Washington e um dos
motivos que o levaram a comprar uma grande quantidade de tanques
russos.
Segundo o presidente venezuelano, as bases que os americanos
ocuparão permitirão aos EUA controlar a América do Sul e até a
África.
Ainda sobre esse tema, Medvedev disse que a cooperação na luta
contra o narcotráfico e o crime organizado não deve ser politizada,
pois "vira um instrumento de pressão política e não ajuda nenhum
Estado. Pelo contrário, se transforma numa ameaça à segurança".
O encontro entre os dois presidentes terminou com a assinatura de
vários documentos, um destes sobre colaborações em projetos
estratégicos.
Acordos de cooperação militar e proteção de informações
confidenciais e da propriedade intelectual também foram firmados
pelos Ministérios de Defesa de ambos os países.
Além disso, vários memorandos de intenção e entendimento foram
assinados entre empresas russas e a estatal Petróleos de Venezuela
S.A., para a exploração conjunta da faixa do Orinoco, que guarda
reservas estimadas de 235 bilhões de barris de petróleo pesado e
superpesado. EFE