Bolsas europeias e Wall Street reduzem perdas perante rumores de intervenção

Redação Central, 5 ago (EFE).- As bolsas europeias frearam nesta sexta-feira sua queda após as diversas perdas que sofreram na quinta-feira enquanto Wall Street voltou ao terreno positivo incentivado pelos rumores de uma intervenção do Banco Central Europeu (BCE) para comprar dívida italiana e espanhola.

Após a generalizada queda da bolsa da quinta-feira, certa moderação voltou nesta sexta-feira aos pregões europeus enquanto os líderes dos países do euro mantinham intensos contatos telefônicos na busca de uma forma de frear a febril especulação dos mercados.

Após as consultas e depois que a Bolsa de Milão perdesse na quinta-feira mais de 5%, queda que nesta sexta-feira foi reduzida para 0,62%, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, anunciou que aplicará novas reformas econômicas que pactuou com outros líderes da União Europeia (UE) e que acelerará a aplicação de alguns dos ajustes de seu recentemente aprovado plano de austeridade.

Em entrevista coletiva na sede da Presidência do Governo em Roma, Berlusconi indicou que entre essas novas medidas está a introdução da exigência do equilíbrio das contas públicas na Constituição da Itália, assunto que já começará a ser abordado na semana que vem no Parlamento.

Berlusconi explicou que em sua conversa com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, os dois acordaram na realização de uma cúpula urgente do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) entre os ministros de Finanças.

O presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e Berlusconi coincidiram em uma conversa telefônica que são "pouco compreensíveis às fortes oscilações e os movimentos especulativos dos mercados".

Segundo informou o Governo espanhol em comunicado, após esta conversa telefônica Zapatero falou também com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, com quem coincidiu na necessidade de aplicar "o mais rápido possível" os acordos do Eurogrupo em 21 de julho para acalmar os mercados.

Nessa cúpula os países da zona do euro acordaram o segundo resgate à Grécia e a medida de flexibilizar o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que poderá atuar para prevenir crise e intervir nos mercados secundários de dívida em circunstâncias excepcionais.

Assim, Zapatero e Sarkozy ratificaram sua "determinação de defender a estabilidade da zona do euro", enquanto o presidente francês também conversou com a chanceler alemã, Angela Merkel, e nesta noite fará o mesmo com seu colega americano, Barack Obama, segundo informou o Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, ofereceu uma entrevista coletiva nesta manhã em Bruxelas na qual apoiou a Espanha e Itália ao comentar que "não se justifica" o ataque que estão sofrendo nos mercados.

Rehn pediu aos mercados uma trégua em seu "incompreensível" assédio à dívida espanhola e italiana, por sua vez pedia à Eurozona para fechar seu "histórico", mas complexo acordo anticrise em poucas semanas.

O índice DAX 30 da Bolsa de Frankfurt fechou com uma queda de 2,78%, enquanto o FTSE-100 de Londres perdeu 2,72% e o CAC-40 de Paris retrocedeu 1,26%.

A bolsa espanhola registrou nesta sexta-feira a menor queda entre as principais praças internacionais, 0,18%, incentivada pelo avanço do setor financeiro e a moderação do prêmio de risco, que se situava em 369 pontos no final da jornada.

Assim, o principal índice da bolsa espanhola, o IBEX 35, perdeu 15,30 pontos, 0,18%, até 8.671,20 pontos. Na pior semana desde maio do ano passado, caiu 9,96%. Os prejuízos acumulados neste ano chegam assim a 12,05%.

O diferencial da dívida espanhola ficava abaixo da italiano em relação aos bônus alemães pela primeira vez desde maio de 2010.

A jornada da bolsa na Europa começou com o impacto da queda americana de 4,3% e que encaminha para uma recessão e pela perda de suportes - níveis que freiam as vendas - dos índices nova-iorquinos.

Além da queda, nesta madrugada as praças asiáticas também seguiram a tendência e caíram 3,7%, em Tóquio e 4,3% em Hong Kong. EFE