Paris, 20 mai (EFE).- "Le pigeon aux petits pois", de Pablo
Picasso, e outras quatro obras-primas de Henri Matisse, Georges
Braque, Amédéo Modigliani e Fernand Léger foram roubadas hoje do
Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris por um indivíduo encapuzado
que entrou por uma janela.
O golpe, um dos mais importantes registrados na França nos
últimos anos, resultou em nada mais nada menos que uma perda de 100
milhões de euros, afirmou Christophe Girard, responsável de Cultura
da Prefeitura de Paris, proprietário do centro.
O vereador não deu crédito às informações que avaliavam as obras
em 500 milhões de euros.
O "Picasso", um óleo de 65 centímetros de altura e 54 centímetros
de largura terminado em 1912 é a obra mais cara entre as roubadas e
seu preço ronda os 23 milhões de euros, segundo Girard.
O resto, "La pastorale", de Matisse; "L'olivier près de
l'Estaque", de Braque; "La femme à l'éventail", de Modigliani; e
"Nature morte aux chandeliers", de Léger, tem valores mais baixos.
O prefeito Bertrand Delanoë ficou consternado com o roubo que
afeta o "patrimônio cultural universal" da capital francesa.
Os cinco quadros roubados estão entre as centenas de obras
fundamentais que o museu, que conta com oito mil peças
representativas das principais correntes artísticas do século XX,
abriga.
A investigação está concentrada em saber como aconteceu o roubo,
descoberto no começo da manhã, quando os guardas efetuavam a
tradicional ronda antes da abertura do museu.
Há dúvidas sobre as medidas de segurança do centro, sobretudo
depois que seus responsáveis se negaram a confirmar se o museu tinha
ou não alarme.
Girard detalhou que três seguranças vigiam o museu durante toda à
noite e que ele é equipado com câmaras de segurança, mas se negou a
desmentir as informações de que o centro carece de alarme.
"Temos que descobrir como os ladrões conseguiram burlar o sistema
de segurança", disse o vereador, que precisou que o golpe foi obra
de "um ou dois indivíduos" bem organizados.
Fontes próximas à investigação revelaram que as câmaras de
segurança gravaram um homem encapuzado romper um cadeado e o vidro
de uma janela e pular para dentro do edifício, um prédio de estilo
Art Déco construído para a Exposição Universal de 1937.
Girard afirmou que a área pela qual o ladrão entrou é muito pouco
frequentada à noite, por isso ninguém denunciou o delito.
Os três seguranças estão sendo interrogados pela Polícia, que
além disso procura impressões digitais nas molduras que estavam ao
redor das obras roubadas e no resto do museu, fechado ao público
enquanto durarem as investigações.
Os quadros de Picasso foram roubados em várias ocasiões na
França.
A última faz menos de um ano. Em junho do ano passado um caderno
de rascunhos do pintor avaliado em três milhões de euros desapareceu
do Museu Picasso.
Em fevereiro de 2007 foram roubados dois quadros -"Maya à la
poupée" (1938) e "Portrait de Jacqueline" (1961)- da casa parisiense
de Diana Widmaier-Picasso, neta do criador do cubismo, avaliados em
50 milhões de euros. As obras foram recuperadas um ano mais tarde.
Marina Picasso, outra das netas do pintor, teve uma quinzena de
quadros roubados de sua casa em Cannes, no sudeste da França, no dia
5 de novembro de 1989. As obras também apareceram - quatro dias
depois.
Em janeiro de 2004, uma natureza morta de Picasso foi roubada do
museu Georges Pompidou de Paris, e três meses mais tarde foi
encontrada.
No entanto, o roubo mais importante na França remonta a 1976,
quando foram roubadas 118 obras de Picasso do Museu de Avignon. EFE