Bruxelas, 15 set (EFE).- A Comissão Europeia afirmou nesta quinta-feira que o crescimento econômico nos países do euro e da União Europeia (UE) se desacelerará durante a segunda metade do ano, mas descartou a possibilidade de uma segunda recessão.
"Esperamos uma estagnação, mas não uma volta à recessão", ressaltou o comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, na apresentação das previsões econômicas da comissão, que revisam os cálculos feitos no primeiro semestre.
O Executivo comunitário manteve a previsão de crescimento dos membros da zona do euro em 1,6% e rebaixou a expectativa de crescimento da União Europeia em apenas um décimo, até 1,7%, devido aos bons resultados do primeiro trimestre.
Além disso, antecipou que o crescimento será menor do que o esperado no terceiro e quarto trimestres do ano, quando o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro se expandirá apenas 0,2% e 0,1% respectivamente.
Essa diminuição será compensada no cálculo de todo o ano (1,6%), graças aos bons resultados do primeiro trimestre, quando o bloco cresceu acima do previsto inicialmente.
As grandes economias terão índices semelhantes, somente a Alemanha melhorou seu crescimento anual em relação ao previsto anteriormente (de 2,6% para 2,9%) pelo bom desempenho que teve no início do ano. Entretanto, o país também será afetado pela desaceleração nos próximos meses.
Já a França crescerá 1,6% (ao contrário dos 1,8% previstos anteriormente), Itália, 0,7% (contra a previsão de 1%), e Reino Unido, que não pertence à zona do euro, subirá 1,1% (o que representa um forte rebaixamento com relação aos 1,7% de maio).
A comissão constata no relatório que a queda já prevista no primeiro semestre será ainda mais profunda, devido ao enfraquecimento da demanda interna, à deterioração da confiança, ao impacto da crise nos mercados financeiros e às consequências dos ajustes fiscais em alguns países da UE.
A queda no crescimento foi justificada pelo contexto global, já que a recuperação da economia também se enfraquecerá nos Estados Unidos, e várias economias emergentes também terão crescimento moderado.
Também foram revisadas para baixo as previsões de inflação na zona do euro, de 2,6% para 2,5%, e na União Europeia, de 3% para 2,9%.
O documento divulgado pela Comissão Europeia destaca os problemas de liquidez existentes no bloco europeu, causados principalmente pelas dificuldades do setor financeiro, que têm efeitos negativos na demanda, especialmente a privada.
"Os bancos estão acumulando dinheiro ao invés de emprestar entre eles", aponta o relatório.
Por conta da incerteza sobre o futuro das entidades bancárias, especialmente na Alemanha e na França, que acumulam uma grande parte da dívida grega, o custo dos seguros aos bônus bancários aumentou, dificultando ainda mais a capacidade de empréstimo das entidades.
Segundo a Comissão Europeia, isto repercutiu no mercado hipotecário e na demanda de empréstimos de particulares e empresas, que caiu em nível geral, inclusive naqueles países que não sofreram uma bolha imobiliária.
A redução do crédito foi agravada pelo aumento das taxas de juros realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), que não devem ser diminuídas.
No entanto, para o Conselho Europeu, não existem sinais de restrições sérias ao crédito neste momento. EFE