Por Julien Ponthus e Lefteris Papadimas
PARIS/ATENAS (Reuters) - França e Alemanha pediram à Grécia nesta segunda-feira que apresente propostas sérias para retomar as negociações sobre ajuda financeira, aumentando a pressão sobre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, um dia depois de seu país votar contra mais medidas de austeridade.
Após uma reunião em Paris, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, disseram que Atenas precisa agir rapidamente se quiser garantir um acordo financeiro em troca de reformas com credores internacionais e evitar sair da zona do euro.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter um limite rigoroso no financiamento aos bancos gregos, que têm permanecido fechados há mais de uma semana para evitar saída massiva de dinheiro que poderia levar a um colapso.
O BCE também decidiu elevar a garantia que os bancos gregos precisam fornecer por qualquer empréstimo.
Uma autoridade do Ministério das Finanças da Alemanha refutou a ideia de que seu país estaria disposto a conceder algum alívio de dívida à Grécia, posição há muito buscada pelo governo de Tsipras.
No entanto, ainda em um sinal de que Atenas está firme na busca por um novo acordo, o combativo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, renunciou nesta segunda-feira, aparentemente sob pressões de outros ministros das Finanças da zona do euro que não o queriam mais como parceiro nas negociações.
Mais cedo, Tsipras prometeu à chanceler alemã que a Grécia vai levar uma proposta para um acordo de reformas em troca de dinheiro à cúpula de emergência de líderes da zona do euro na terça-feira, afirmou uma autoridade grega. Não ficou claro quanto ela vai diferir de outras propostas rejeitadas no passado.
Após o resultado do referendo de domingo, autoridades em Bruxelas e Berlim disseram que uma saída da Grécia da zona do euro parece agora ainda mais provável.
Mas também afirmaram que as conversas para evitar isso serão mais fáceis sem Varoufakis, um economista que se declara "marxista errático" e que enfureceu os parceiros da zona do euro com o seu estilo pouco convencional e afirmações intimidadoras. Ele fez campanha pelo "não" no referendo de domingo, acusando os credores da Grécia de "terrorismo".
O sacrifício dele indica que Tsipras, de esquerda, está determinado a tentar chegar a um compromisso de última hora com as autoridades europeias.
Os líderes políticos da Grécia, mais acostumados a gritar uns com os outros no Parlamento, emitiram um comunicado conjunto sem precedentes após um dia de conversas no gabinete do presidente dando apoio a esforços para alcançar um acordo com credores.
O principal negociador com os credores internacionais, Euclid Tsakalotos, um economista acadêmico de fala suave, foi nomeado ministro das Finanças.
Para alcançar qualquer novo acordo, a Grécia terá que superar forte desconfiança entre os parceiros, acima de tudo da Alemanha, maior credora da Grécia e maior economia da UE, onde a opinião pública endureceu em favor de a Grécia deixar a zona do euro.
Após cinco anos de crise econômica e forte desemprego, o voto pelo "não" aos termos do resgate internacional, já rejeitado pelo governo do país, venceu por 61,3 por cento do total.