São Paulo, 9 dez (EFE).- A solidez da economia brasileira no contexto da crise mundial voltou a se confirmar nesta quinta-feira depois que o Governo anunciou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país aumentou 8,4% nos primeiros nove meses do ano.
No período compreendido entre outubro de 2009 e setembro de 2010, o PIB brasileiro cresceu 7,5%, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números estão de acordo com as previsões do Executivo e do setor bancário, que estimaram uma alta do PIB de 7,5% para este ano, resultado que contrasta com as projeções para os países europeus, afetados pela crise.
O forte crescimento econômico registrado este ano é especialmente significativo se for levado em conta que em 2009 o PIB brasileiro sofreu as consequências da crise econômica e registrou uma contração de 0,6%.
No entanto, o IBGE ressaltou que no terceiro trimestre do ano o crescimento econômico sofreu uma desaceleração.
A economia brasileira cresceu apenas 0,5% entre julho e setembro deste ano em relação ao segundo trimestre, período no qual o PIB alcançou um crescimento de 1,8%.
Na comparação anualizada, a aceleração do PIB foi de 6,7% em relação ao mesmo período de 2009.
As causas desse menor crescimento no terceiro trimestre se devem ao desempenho do setor industrial, que sofreu uma contração de 1,3% em comparação ao trimestre anterior.
Além disso, no terceiro trimestre as importações de bens de capital e maquinaria, encorajadas pela forte valorização do real frente ao dólar, voltaram a registrar uma forte expansão.
A valorização do real é uma das preocupações do Governo, que nos últimos meses anunciou a adoção de medidas para contê-la e evitar que os produtos brasileiros percam competitividade no mercado internacional.
Essa preocupação também é compartilhada por analistas e empresários, que nas últimas semanas alertaram para o risco de um processo de desindustrialização no país, já que a valorização da moeda torna especialmente atrativas as compras no exterior.
"Não podemos aceitar que o país assista passivamente à queda de nossas exportações de produtos manufaturados", afirmou o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti.
Paradoxalmente, na análise correspondente aos primeiros nove meses do ano, a aceleração da economia se deve em grande medida à contribuição do setor industrial, que após sofrer o impacto negativo da crise iniciou uma recuperação.
A atividade manufatureira cresceu 12,3% nos primeiros nove meses do ano em relação ao mesmo período de 2009, seguida pelo setor agropecuário, com uma expansão de 7,8%, e de serviços, que registrou uma alta de 5,7%.
Os segmentos industriais que obtiveram dados mais favoráveis são a mineração, com um aumento de 16%, a construção civil, que registrou uma alta de 13,6% e a indústria de transformação, de 12,5%.
No setor de serviços as atividades que mais contribuíram para o crescimento econômico este ano são o comércio, com uma alta de 12% e a intermediação financeira e os seguros, de 10,4%.
O IBGE informou que a significativa expansão da economia brasileira ao longo do ano se deveu ao aumento da demanda interna.
O consumo das famílias, incentivado pela redução do desemprego e o aumento da renda e do crédito, cresceu 6,9% nos três primeiros trimestres do ano.
Já as importações, com um crescimento de 39,8% nos nove primeiros meses do ano, continuaram se expandindo a um ritmo muito superior ao das exportações (10,8%).
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou que a expansão de 7,5% prevista para este ano, que deve ser a maior das últimas três décadas, marca o início de uma etapa de crescimento contínuo que permitirá uma expansão média anual de pelo menos 5,5% até 2014.
Mantega comemorou os números divulgados nesta quinta-feira e acrescentou que o crescimento do PIB brasileiro "é o segundo maior do mundo, atrás apenas do da China". EFE