Paris, 28 set (EFE).- O Pacto Europeu sobre Imigração e Asilo e
os compromissos com outros membros da União Europeia (UE) serviram
nesta terça-feira como os principais argumentos do Governo francês
em defesa do seu projeto de lei que endurece o combate aos
imigrantes ilegais e agiliza sua expulsão, incluída a de cidadãos
comunitários sem recursos.
"Este projeto de lei é indispensável para que a França respeite
seus compromissos europeus", ressaltou o ministro de Imigração, Eric
Besson, ao apresentar aos deputados um texto que facilitará,
sobretudo, as polêmicas expulsões de ciganos romenos e búlgaros.
O projeto prevê que poderão ser expulsos da França os
estrangeiros, inclusive de nações da UE, que "representem uma carga"
para o Estado, que tenham cometido "atos repetidos de roubo" ou que
se dediquem à "mendicância agressiva".
"Essas medidas não derivam da política de segurança", mas do
princípio que "a União Europeia não deve se transformar em um
supermercado de proteção social", argumentou.
As medidas que afetam os ciganos fazem parte das dezenas de
emendas acrescentadas pelo Executivo nas últimas semanas, depois que
Sarkozy anunciou, no final de julho, uma política severa frente à
insegurança, o que muitos interpretaram como uma tentativa de
recuperar a simpatia dos eleitores da direita do país.
Entre essas emendas está a que prevê a retirada da nacionalidade
dos naturalizados há menos de dez anos que tenham atentado contra
agentes da autoridade, como policiais e magistrados.
O alvo principal das novas medidas é aumentar a percentagem de
imigrantes ilegais expulsos. Em 2009, dos 96.109 detidos, 29.288
foram obrigados a deixar a França.
Para combater os imigrantes clandestinos que já estão na França -
as estimativas dão conta de algo entre 200 mil e 400 mil pessoas -,
serão endurecidas as sanções contra as pessoas que lhes deem
trabalho, que além de multas - e penas de prisão em casos
excepcionais -, ficarão privadas de participar de licitações e de
receber pacotes de ajuda pública.
Besson insistiu que o conteúdo do projeto de lei corresponde "à
política realizada em todos os países da UE, lembrando ainda que "os
socialistas espanhóis", gregos e os trabalhistas britânicos
assinaram o Pacto da Imigração.
Os socialistas franceses, através do chefe da corrente política
na Assembleia, Jean-Marc Ayrault, criticaram em particular o
mecanismo configurado para os ciganos, que, segundo eles, supõe um
"grave prejuízo" ao "espírito" dos tratados europeus e ao princípio
de livre circulação.
"É retroceder 50 anos, à Europa das fronteiras, e instaurar uma
Cortina de Ferro unicamente para os pobres", assinalou Ayrault. EFE