Bruxelas, 14 jul (EFE).- As companhias aéreas Iberia e British
Airways (BA) receberam hoje a autorização da Comissão Europeia para
sua fusão, o último passo que estava pendente depois do sinal verde
dado por autoridades nos Estados Unidos em junho.
O Executivo comunitário não considerou necessário impor condições
à operação - apesar de as atividades das duas companhias estarem
abaladas em alguns âmbitos -, por considerar que elas precisam se
manter fortemente concorrentes no setor.
As companhias aéreas, membros da aliança Oneworld, formarão a que
será a terceira maior companhia da Europa, atrás da Lufthansa e da
Air France-KLM, e uma das cinco mais importantes do mundo.
A Bolsa de Valores de Londres já reagiu à notícia, com uma alta
de 0,48% nas ações da BA, para 208 pence.
As duas companhias comemoraram a autorização da Comissão Europeia
e anteciparam que a operação poderia ser materializada antes do
final do ano.
O acordo com a BA representa "um elemento vital no processo de
consolidação do setor aéreo, no qual a Iberia está desempenhando um
papel protagonista", disse o presidente da companhia espanhola,
Antonio Vázquez, que assegurou que "os passageiros se beneficiarão,
já que disporão de mais opções de viagem".
O executivo-chefe da BA, Willie Walsh, por sua parte, considerou
a autorização do Executivo europeu um passo importante que permitirá
uma excelente "compenetração geográfica" entre as redes para América
do Norte, Ásia e África da companhia aérea britânica e as para
África e América Latina da espanhola.
Segundo o acordo entre as duas empresas, fechado em abril, elas
manterão sua marca e respeitarão suas operações domésticas, mas
juntas terão uma frota de mais de 420 aviões e abrangerão destinos
em mais de cem países.
A Iberia e a BA esperam economizar cerca de 400 milhões de euros
anuais a partir do quinto ano de funcionamento da nova companhia
aérea.
A fusão foi notificada à Comissão Europeia no dia 10 de junho,
cerca de dois anos depois de as duas companhias aéreas revelarem
pela primeira vez suas intenções de fundir-se.
Em paralelo, o Executivo da União Europeia (UE) autorizou sob
estritas condições uma aliança entre a Iberia, a BA e a American
Airlines (AA), o que permitirá a exploração conjunta de rotas no
Atlântico Norte.
A Comissão Europeia tinha manifestado seu medo de que alguns
aspectos desta operação pudessem representar uma violação das normas
antimonopólio da UE e prejudicar os consumidores nas rotas
transatlânticas.
As companhias aéreas sugeriram soluções para evitar possíveis
problemas de concorrência, como ceder slots de aterrissagem e
decolagem no aeroporto de Heathrow ou de Gatwick, ambos em Londres,
para as rotas com destino a Boston, Nova York, Dallas e Miami.
Além disso, ofereceram à concorrência slots no aeroporto John F.
Kennedy, em Nova York, assim como facilitar o acesso a seus
programas de fidelidade em certas rotas, o que permitirá aos
passageiros dos novos operadores acumularem e trocarem pontos.
Permitirão, por outro lado, a combinação de tarifas e a fixação
de acordos especiais para as rotas afetadas a fim de que seus
concorrentes possam vender bilhetes para voos das partes e facilitar
o acesso às conexões.
Por último, se comprometem a informar à Comissão Europeia
regularmente sobre sua cooperação para continuar avaliando o impacto
da aliança nos mercados.
As propostas das companhias terão a partir de agora caráter
vinculativo para os próximos dez anos.
O vice-presidente da Comissão Europeia e titular de Concorrência,
Joaquín Almunia, assegurou que as precauções permitem realizar a
operação sem prejudicar aos 2,5 milhões de passageiros que
anualmente utilizam as rotas afetadas, que poderão continuar se
beneficiando de preços competitivos e da frequência dos voos.
Bruxelas está estudando atualmente projetos similares entre os
parceiros do Star Alliance (Lufthansa, Continental, United e Air
Canadá), assim como entre os membros do Sky Team (Air France-KLM e
Delta-Northwest). EFE