Roma, 23 fev (EFE).- O cofundador da Microsoft e filantropo, Bill Gates, se mostrou nesta quinta-feira em Roma favorável a eliminação das barreiras protecionistas na agricultura europeia e de permitir a entrada de produtos de terceiros países no mesmo nível em que são comercializados produzidos na União Europeia.
Bill Gates discursou na reunião anual do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (Fida). Em seu discurso em Roma, o americano se centrou nos projetos que a Fundação Bill&Melinda Gates têm no setor agrícola de vários países em vias de desenvolvimento situados majoritariamente na África.
Gates lembrou a necessidade da comunidade internacional se coordenar para atenuar a fome no mundo. Em seu discurso, encorajou à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), à Fida e ao Programa Mundial de Alimentos (WFP) impulsionarem todos juntos o crescimento sustentável dos pequenos produtores de alimentos.
O magnata considera que o modelo de produção de alimentos em escala mundial "está defasado e não é eficiente" porque os países, as agências alimentícias e os doadores não estão trabalhando de forma coordenada para acabar com a fome.
"É imperfeito, mas é o melhor sistema que tivemos", contestou Gates ao ser perguntado sobre se o sistema alimentar que propõe questiona os fundamentos do capitalismo.
"A comunidade internacional de agricultores não fez tudo o que deveria para combater a crise de fome e a pobreza", disse o agora filantropo, que anunciou na conferência que investirá US$ 200 milhões em medidas para desenvolver a agricultura em países em vias de desenvolvimento.
Com este orçamento o cofundador da Microsoft procura impulsionar 34 variedades de milho resistente à seca, vacinas para 10 milhões de cabeças de gado e a formação de mais de 10 mil comerciantes de produtos agrícolas para educar camponeses, entre outros projetos.
"Temos a oportunidade e a obrigação de imaginar um futuro diferente", disse Gates, que acredita que é preciso outra "revolução" na agricultura como a que ocorreu em meados de século 20 para aumentar a produção mundial de alimentos com o modelo de monocultura, o uso de adubos e inseticidas em grande escala e sementes transgênicas.
O americano, que é um dos mais conhecidos defensores da agricultura transgênica, apostou em seu discurso pelo desenvolvimento de novas variedades de sementes e por utilizar a tecnologia para ajudar os camponeses em seu trabalho diário.
Como exemplo, citou o uso das imagens captadas por satélites para que os agricultores conheçam com precisão o estado das plantações, no lugar das inspeções visuais tradicionais, de modo que consigam economizar tempo e conhecer melhor o estado dos campos cultivados.
Durante os últimos sete anos, a Fundação Bill&Melinda Gates investiu mais de US$ 2 bilhões em ajudas para pequenos produtores de países em vias de desenvolvimento. EFE