Por William James e Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - O governo do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, desafiou os oponentes da separação britânica da União Europeia no Parlamento nesta quinta-feira a derrubarem o governo ou mudarem a lei se quiserem impedir o Brexit.
Mais de três anos após o referendo do Brexit, o Reino Unido ruma para sua crise constitucional mais grave em décadas e um confronto com a UE a respeito da filiação, prevista para ocorrer em 63 dias.
Em sua manobra mais ousada desde que assumiu como premiê no mês passado, Johnson enfureceu os opositores de um Brexit sem acordo na quarta-feira ordenando a suspensão do Parlamento durante quase um mês.
O presidente da câmara baixa do Parlamento, John Bercow, disse se tratar de um ultraje constitucional, já que limita o tempo que a sede de 800 anos da democracia inglesa tem para debater e ajustar o curso da história britânica.
Mas Jacob Rees-Mogg, defensor do Brexit a cargo dos assuntos do governo no Parlamento, desafiou os oponentes a darem tudo de si.
"Todas estas pessoas que estão rangendo os dentes sabem que há duas maneiras de fazer o que querem fazer", disse Rees-Mogg à rede BBC.
"Uma é mudar o governo, e a outra é mudar a lei. Se fizerem uma destas, isso terá um efeito", disse.
"Se eles não tiverem a coragem ou a determinação para fazer alguma delas, sairemos em 31 de outubro, de acordo com o resultado do referendo."
A manobra de Johnson para suspender o Parlamento por mais tempo que o normal durante uma das conjunturas mais cruciais da história britânica recente foi elogiada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas provocou críticas de alguns parlamentares britânicos e da mídia.
Ruth Davidson renunciou à liderança do Partido Conservador da Escócia nesta quinta-feira, dizendo que não consegue mais conciliar as exigências da maternidade com as do Brexit.
Depois de anos de negociações tortuosas e uma série de crises políticas desde que 52% do país escolheu romper com a UE no referendo de 2016, o Brexit continua sendo uma dúvida. As opções vão de uma ruptura brusca em 31 de outubro e uma eleição a uma saída amistosa ou até outro referendo.
A ordem de Johnson para suspender o Parlamento força os oponentes parlamentares de um Brexit sem acordo a mostrarem as cartas e agir em até quatro dias no mês que vem. O Legislativo volta do intervalo de verão no dia 3 de setembro.
Uma eleição é provável.