Cairo, 9 ago (EFE).- As autoridades egípcias emitiram as
primeiras carteiras de identidade a membros da minoria bahá'í, que
estão há anos vivendo à margem em um país onde só são reconhecidos o
Islã, o Cristianismo e o Judaísmo.
Rauf Hendi, um médico de credo bahá'í, confirmou hoje à Agência
Efe que seus filhos gêmeos se transformaram no sábado nos primeiros
bahá'ís a conseguir carteiras de identidade desde que, em março, um
tribunal determinou que os membros desta fé tinham direito de obter
documentos oficiais nos quais não aparecesse nenhuma filiação
religiosa.
O tribunal determinou então que os bahá'ís podiam deixar em
branco o preceptivo espaço reservado à religião.
A obrigatoriedade de preencher esta lacuna obrigava até agora os
bahá'ís a escolher entre se registrar como membros de uma das três
religiões monoteístas reconhecidas no Egito ou renunciar à posse de
documentos oficiais.
"Meus filhos gêmeos, Nancy e Emad, que têm 16 anos, estudavam no
exterior porque não tinham nenhum documento oficial que os
permitisse ficar no Egito", disse Hendi.
O pai de Nancy e Emad se mostrou satisfeito, porque agora pode
trazer os filhos ao Egito, já que têm carteiras de identidade, que
conseguiram após uma luta de cinco anos nos tribunais.
Apesar deste passo dado pelas autoridades, Hendi denunciou que os
membros da comunidade bahá'ís ainda enfrentam obstáculos para tirar
carteiras de identidade, apesar da ordem judicial.
"Peço ao Governo egípcio que facilite as gestões para que todos
os bahá'ís possam ter acesso a documentos de identidade",
acrescentou.
Não se sabe números oficiais sobre o número exato de praticantes
da fé Bahá'í no Egito, mas os praticantes calculam que são cerca de
2 mil.
Não costumam anunciar sua fé em público e a praticam em segredo,
principalmente depois que, em 1960, todas suas sedes no país foram
fechadas.
A fé Bahá'í, que chegou ao Egito em 1903, foi fundada no século
XIX por Mirza Husyan Ali na Pérsia, como uma cisão do xiismo. EFE