Caracas, 27 jun (EFE).- O Governo venezuelano e os dirigentes do partido governante voltaram a declarar que o presidente Hugo Chávez se recupera satisfatoriamente de uma cirurgia de abscesso pélvico, enquanto a oposição alerta sobre a falta informação em torno do estado de saúde do líder.
Após dois dias de rumores sobre o quadro clínico de Chávez, internado em Havana desde dia 10, na Venezuela o cenário permanece imóvel com um Governo que não dá detalhes sobre a saúde do presidente e uma oposição que acusa o Executivo de ser responsável pela incerteza.
Chávez se comunicou nesta segunda-feira por telefone com a direção nacional do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), segundo afirmou a chefe da bancada do grupo na Assembleia Nacional, Cilia Flores, acompanhada pela cúpula do partido e do vice-presidente executivo do Governo, Elías Jaua.
"Estávamos no meio de uma reunião quando (Chávez) nos ligou e durante um momento estivemos conversando, recebendo o relatório do que é o trabalho do PSUV", disse Flores.
A deputada assinalou que o presidente esteve dando instruções para o "desdobramento" e "mobilização do PSUV em suas diferentes tarefas".
Chávez, de 59 anos, foi operado em Havana de um abscesso pélvico, segundo a informação oficial, avaliada como insuficiente perante os abundantes rumores. Notícias não oficiais e boatos na internet falam inclusive de infecção e câncer.
Nesta segunda-feira, o ministro de Comunicação, Andrés Izarra, denunciou mentiras em torno da saúde de Chávez e reforçou que o líder se recupera "satisfatoriamente" de sua operação e voltará "em breve" ao país.
"Vimos a quantidade de manipulações e mentiras que disseram sobre a situação do presidente, a última divulgada pelo "Miami Herald" (...) e o mesmo está ocorrendo com o tema de Rodeo (prisão onde estão presos entrincheirados)", disse Izarra à emissora "Unión Radio".
No sábado, o jornal americano publicou uma informação, que atribuiu a fontes de inteligência americanos, na qual se assinalava que Chávez "se encontra em um estado crítico, não grave, mas sim crítico, complicado".
O jornal assinalou que as fontes "não podiam confirmar as versões" que circularam na internet "que o líder venezuelano está sendo tratado de um câncer de próstata".
Para a oposição venezuelana, a tempestade gerada pela informação assim como as declarações do chanceler Nicolás Maduro nas quais falou da "batalha pela saúde" de Chávez e que foram interpretadas fora do país como um reconhecimento da gravidade do presidente, é culpa do Governo.
"A quantidade de rumores surgiram sob a responsabilidade do Governo", indicou à Agência Efe o secretário da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo.
"Foi a falta de transparência, a lentidão e a opacidade no momento de informar que suscitou todos os rumores", acrescentou o porta-voz da plataforma que agrupa à oposição na Assembleia Nacional.
Por sua vez, José Albornoz, secretário-geral de Pátria Para Todos (PPT), partido ex-aliado do chavismo, disse à Agência Efe que "a doença do presidente evidenciou que durante este tempo as coisas não melhoraram nem pioraram e que esse esquema propagandístico de se expressar como imprescindível é falso".
Para o agora opositor, além dos problemas carcerários, da crise de energia e a inflação que atingiram o país, a ausência de Chávez criou uma série de "problemas" por atritos no centro do governante PSUV.
Sobre o retorno de Chávez, Albornoz e Aveledo coincidem que Chávez deve estar no país no dia 5 de julho, dia da celebração do Bicentenário da Independência.
Para esse dia também está prevista na Ilha Margarita a abertura da Cúpula da América Latina e o Caribe sobre Integração e Desenvolvimento com presença de diversos presidentes da região. EFE