Teresa Bouza.
Washington, 25 abr (EFE).- O ministro das Finanças grego, Yorgos
Papaconstantinou, lançou hoje uma mensagem de calma aos mercados em
meio a rachas no seio da União Europeia (UE), ao assegurar que seu
país fechará "a tempo" um acordo para pagar sua dívida.
"Seremos capazes de financiar nossa dívida sem absolutamente
nenhum problema", disse o ministro em entrevista coletiva. Ele
ressaltou que as negociações para um programa de ajuda com a UE e o
Fundo Monetário Internacional (FMI) terminarão "a tempo".
Evitou precisar uma data concreta, embora tenha afirmado que o
prazo de princípios de maio que lhe parece razoável. "O mecanismo de
apoio estará pronto em maio", previu.
A Grécia tem que pagar 8,5 bilhões de euros em juros de sua
dívida no dia 19 de maio, por isso precisa de dinheiro a curto
prazo.
Seus comentários durante a Assembleia semestral conjunta do FMI e
do Banco Mundial (BM) chegam depois que o ministro das Finanças
alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou hoje que o fato de nem a UE nem a
Alemanha terem tomado uma decisão implica que a resposta "pode ser
tanto positiva como negativa".
A ministra francesa de Economia e Finanças, Christine Lagarde,
afirmou, por sua vez, que a ajuda que se negocia para a Grécia não
será paga integralmente de forma imediata e advertiu que se colocará
um "freio" ao processo se houver uma moratória.
Já Papaconstantinou manifestou "plena confiança" de que uma vez
que os detalhes finais e as condições do pacote de ajuda estejam
prontos "todos os membros europeus" o apoiarão.
"O programa que estamos decidindo conjuntamente com a União
Europeia e o FMI estará pronto e o anunciaremos assim que seja
aprovado", ressaltou Papaconstantinu durante a entrevista coletiva
mais movimentada da assembleia dos organismos multilaterais neste
fim de semana.
O ministro disse que seu Governo já começou a implementar um
plano de estabilidade a três anos, que procura reduzir um déficit
fiscal que alcançou os 13,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009,
assim como iniciar um programa de privatizações e abordar a reforma
do sistema de pensões.
A União Europeia deve desembolsar 30 bilhões de euros este ano
para manter à Grécia flutuando e o FMI deve contribuir com um valor
entre dez e 15 bilhões de euros adicionais.
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, assegurou hoje
que as negociações sobre um programa de ajuda à Grécia terminarão a
tempo para que o país cumpra com suas obrigações financeiras.
O ministro grego insistiu, por sua vez, que "a soma tem que ser
suficiente" para infundir confiança aos mercados sobre a viabilidade
da economia do país.
Advertiu ainda que os investidores que apostem que o país
suspenderá os pagamentos de sua dívida "perderão até a camisa".
"Qualquer noção de reestruturação está fora de consideração para o
Governo grego", assegurou.
Os observadores consideram que atrás da atitude do Governo alemão
se ocultam motivos políticos devido às eleições do dia 9 de maio no
estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais povoado do país.
O pacote de resgate à Grécia é muito impopular entre a opinião
pública alemã, que critica que o país mediterrâneo tenha conseguido
empréstimos da Alemanha durante anos a taxas de juros baseadas em
números errôneos. EFE