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Grupo de 500 jovens exige queda do Governo de transição tunisiano

Publicado 26.02.2011, 14:43

Miguel Albarracín.

Túnis, 26 fev (EFE).- A tentativa de invasão do Ministério do Interior tunisiano realizada neste sábado por 500 jovens manifestantes que exigiam a queda do Governo de transição despovoou e devastou pela segunda vez em menos de 24 horas o centro da capital da Tunísia, segundo constatou a Agência Efe.

Um forte dispositivo de Forças da Polícia antidistúrbios atuou de maneira rápida e dispersou os manifestantes com o lançamento de gás lacrimogêneo, embora os jovens conseguiram se esconder nas ruas divisórias à sede do Ministério, onde os agentes registraram algumas detenções.

A partir desse momento se ouviram disparos esporádicos de fuzil e o centro da capital ficou sob o controle da Polícia e a Guarda Nacional tunisianas, que impediram também o tráfego de veículos particulares.

Os incidentes provocaram o fechamento do comércio e demais estabelecimentos públicos em um perímetro de dois quilômetros em torno e também interrompeu o livre trânsito dos transeuntes pela zona.

Esta é a segunda vez em menos de 24 horas que jovens manifestantes tentam invadir a sede do Ministério do Interior, situada em plena avenida Habib Burguiba, a principal via da capital tunisiana.

"O empenho em atacar a sede do Interior não é normal", segundo manifestaram à Efe vários cidadãos que aludiram à possibilidade de "uma manipulação destes jovens por parte de setores que têm interesse em gerar desestabilização".

As fontes argumentaram que "chama a atenção a extrema juventude dos manifestantes que não chegam à adolescência. Há alunos do primário de 12 anos de idade e outros de apenas 20", e se interrogam "se são conscientes do que significa a responsabilidade de uma transição política".

Em contraste, as fontes assinalam a manifestação pacífica pelo sexto dia consecutivo de jovens representantes de 24 províncias tunisianas na Praça do Governo para pedir a queda do Governo de transição que lidera o primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi.

Muitos jovens neste sábado no centro cantavam "Allahu Akbar" (Deus é Grande) em vez de "Ghannouchi fora", o que poderia indicar, segundo alguns observadores, que os manifestantes concentrados na Praça do Governo e os do centro da capital estão dirigidos por linhas diferentes.

Por outra parte, os enfrentamentos da sexta-feira entre os manifestantes e as Forças da ordem provocaram a morte de um jovem de 22 anos por ferimentos de bala, presumivelmente disparada pela Polícia, assim como sete feridos por bala e outros 21 por golpes e inalação em massa de gás lacrimogêneo.

Por sua parte, o Ministério do Interior tunisiano exortou neste sábado às famílias com filhos em idade escolar e universitária para que não permitam que eles participem das manifestações.

Em comunicado divulgado neste sábado, o Ministério do Interior pede aos pais dos jovens que lhes impeçam participar "em atos de vandalismo" e que retornem a suas escolas e universidades "para evitar portanto que sejam utilizados como escudos humanos pelos instigadores destes atos".

Na nota, o Ministério apela aos pais "a assumir sua responsabilidade nesta conjuntura excepcional e difícil e a não implicar a seus filhos em problemas, por bem-intencionados que sejam seus motivos".

O trânsito permanece interrompido na zona central da capital tunisiana, onde o comércio fechou as portas e só viam veículos da Polícia circulando.

As Forças antidistúrbios desdobraram um importante dispositivo de segurança em toda a região adjacente ao Ministério do Interior para evitar novas concentrações.

Durante os enfrentamentos da noite de sexta-feira os manifestantes incendiaram a sede do Ministério do Turismo, situado em frente do de Interior, e queimaram diversos contêineres de lixos. EFE

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