Berlim, 1 ago (EFE).- O "homem do tempo" do canal "ARD" da
televisão pública alemã, o suíço Jörg Kachelmann, de 52 anos e
acusado de violar a sua ex-mulher, exige uma indenização de 2,5
milhões de euros do jornal "Bild", por publicar fotos suas e
detalhes de sua vida privada nos quatro meses que passou em prisão
preventiva.
Kachelmann, que saiu da prisão de Mannheim (sudoeste da Alemanha)
na quinta-feira passada em meio a um furor midiático, insiste em sua
inocência em entrevista publicada neste domingo pelo semanário "Der
Spiegel", onde justifica sua reivindicação.
O meteorologista, durante anos o "homem do tempo" mais famoso do
país e proprietário de uma rede de estações meteorológicas, foi
preso em 20 de março após ser detido no aeroporto de Frankfurt, de
volta do Canadá, onde tinha feito a cobertura dos Jogos Olímpicos de
inverno.
Após sua detenção, seguida de perto pela mídia, surgiram várias
revelações na imprensa sobre as acusações de sua ex-esposa, com
riqueza de detalhes, assim como declarações de outras namoradas ou
ex-namoradas. Com isso, Kachelmann ficou marcado como um homem
promíscuo.
A ex-mulher, identificada como Simone, de 36 anos, o tinha
acusado de ameaçá-la em fevereiro passado com uma faca, feri-la no
pescoço, e forçá-la a transar, após conversa na qual ela ameaçou o
deixar por sua infidelidade.
Após 132 dias na prisão, na quinta-feira passada ele foi
libertado devido às dúvidas sobre a versão da mulher, que segundo
Kachelmann atuou por vingança depois que ele confessou que mantinha
outras relações.
Ao "Spiegel", o meteorologista lamenta que o "Bild" e outras
publicações do mesmo grupo empresarial tenham divulgado informações
de sua vida privada e fotos dele na prisão, o que pode repercutir
tanto no julgamento como em seu futuro profissional.
Na entrevista, o jornalista falou também sobre a difícil vida
carcerária, onde diz que deixa, apesar de tudo, bons amigos.
A saída do "homem do tempo" da prisão foi acompanhada por com
dezenas de câmeras de televisão e fotógrafos na porta da carceragem,
enquanto o canal privado de informação "NTV" transmitia ao vivo a
situação durante duas horas.
Quando enfim Kachelmann apareceu, sorridente e perfeitamente
barbeado, se despediu com um forte abraço de um funcionário.
A declaração de uma psicóloga, que assegurou que a acusação da
mulher era inconsistente, foi decisiva para a libertação, mas
Kachelmann está proibido de deixar a Alemanha até o dia 6 de
setembro, quando será aberto processo.
Segundo outro semanário, o "Focus", o jornalista foi alvo de
outra denúncia nos últimos dias, também por parte de uma
ex-namorada, que o acusa de tê-la agredido durante discussão. EFE