Gaza, 8 ago (EFE).- Os hospitais da cidade de Gaza declararam
hoje estado de emergência por falta de eletricidade, depois de a
única usina de energia elétrica da Faixa de Gaza deixar de funcionar
neste sábado por falta de combustível, informaram fontes oficiais.
Os quatro hospitais da capital da Faixa receiam ter de
interromper seus serviços devido aos prolongados cortes de energia
elétrica, de 12 horas por dia, informou hoje o porta-voz dos
serviços de emergência, Moawiya Hasanein.
Hasanein advertiu sobre um desastre humanitário como resultado do
blecaute. Segundo ele, os serviços de saúde estão sofrendo séria
deterioração, sobretudo as maternidades, unidades de terapia
intensiva, incubadoras e atendimento de pacientes de diálises.
"O setor da saúde depende de geradores. Se cada dois de três
cortar a eletricidade, embora seja durante cinco minutos, poderia
causar dezenas de mortes, inclusive de crianças e pacientes em
condições críticas na sala de cirurgia", disse o porta-voz, citado
pela agência palestina "Maan".
A única usina elétrica de Gaza, que cobre um terço do consumo da
Faixa, deixou de funcionar neste sábado, em meio a uma onda de calor
na região, por falta de combustível industrial.
O fechamento da passagem fronteiriça com Israel por ocasião do
dia sabático judeu agravou a carência de combustível, que tem sua
origem em uma disputa administrativa entre os dois Governos
palestinos paralelos: o do Hamas, na Faixa de Gaza, e o da
Autoridade Nacional Palestina (ANP), do Fatah, na Cisjordânia.
Um dos lados acusa o outro de ser responsável pela situação em
Gaza, que há meses só tem entre seis e 12 horas de energia por dia.
A ANP diz que o Hamas não paga a eletricidade e deixa um buraco
orçamentário que depois é fechado na Cisjordânia.
O Hamas defende, pelo contrário, que enviou as faturas ao Governo
de Ramala, o qual acusa de ter descumprido um compromisso de assumir
o pagamento do combustível para a usina, que a União Europeia (UE)
deixou de subvencionar no ano passado.
A usina já fechou momentaneamente em várias ocasiões, três
somente neste ano, por escassez de combustível.
Desta vez, a atual onda de calor na Faixa de Gaza aumentou o uso
de aparelhos de ar condicionado e ventiladores, minguando as já
poucas reservas de energia.
A usina gera 33% da eletricidade consumida em Gaza, enquanto
Israel vende 58% e o Egito, 9%. EFE