São Paulo, 5 nov (EFE).- A Confederação Nacional da Indústria (CNI) qualificou nesta sexta-feira o atual modelo do Mercado Comum do Sul (Mercosul) como um "obstáculo" para as negociações comerciais e destacou que acredita que o novo Governo se empenhará em evitar uma maior desvalorização do dólar para fortalecer as exportações.
"O atual Mercosul é um obstáculo para negociar acordos de livre-comércio e tem questões políticas a ser resolvidas. Falta governabilidade para que o bloco garanta acordos internos e com outros países", disse em entrevista coletiva em São Paulo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Ele destacou, no entanto, que o Mercosul (integrado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e com a Venezuela em processo de integração) "tem um grande potencial para ser uma força importante".
O presidente da CNI referiu-se também à forte valorização do real em relação ao dólar, que afetou as exportações nos últimos meses e levou o Governo a tomar medidas para reverter esse quadro.
"É difícil estabelecer um preço ideal do dólar para as exportações. Mas, pelos estudos dos diferentes setores de nossa indústria, eles calculam entre R$ 2 e R$ 2,2", ressaltou.
O empresário declarou que acredita que o Governo de Dilma Rousseff atenderá aos pedidos da CNI.
"Quando era candidata, ela assumiu o compromisso de reduzir a carga tributária para as exportações e os investimentos", disse.
O setor industrial pede ainda a aceleração das reformas tributária, agrária, política e da previdência.
"Dilma pode trabalhar para conseguir as mudanças" com a maioria que terá no Congresso. "Além disso, ela conhece a economia brasileira muito bem", destacou.
Segundo ele, sem essas reformas, "o Brasil está perdendo competitividade" e corre o risco "de uma desindustrialização em alguns setores". EFE