Madri, 2 jan (EFE).- A Procuradoria Anticorrupção espanhola cifrou em 5,8 milhões de euros o dinheiro que Iñaki Urdangarin, genro do rei Juan Carlos I da Espanha, e seu sócio Diego Torres receberam supostamente de maneira irregular quando dirigiam o Instituto Nóos.
Essa quantidade é praticamente idêntica à qual, nesse mesmo período, o Instituto recebeu de organismos públicos espanhóis.
A mecânica de desvio de fundos descrita pela Procuradoria em seus relatórios consistia em que, uma vez obtidas - sem licitação prévia - as incumbências, o Instituto Nóos encomendava os trabalhos a sociedades mercantis propriedade dos próprios Urdangarin e Torres.
O promotor Pedro Horrach declarou que o genro do rei e seu sócio "terceirizam a si próprios" para desenvolver um trabalho encomendado ao Instituto Nóos, "aparentemente uma associação sem fins lucrativos", embora "o que derive dessa subcontratação (...) seja precisamente a concorrência de um ânimo desmedido por lucro".
Lucros, aliás, que eram significativos, segundo o representante do Ministério Público espanhol, já que a Nóos apresentava "orçamentos fictícios" e fixava preços "totalmente desproporcionais".
Além disso, o percurso do dinheiro recebido pela Nóos não terminava nas empresas do genro do Rei e de seu sócio porque, segundo a investigação, estes teceram uma "estrutura societária" em Belize e no Reino Unido que usaram para desviar mais de 900 mil euros.
O marido da infanta Cristina, filha mais nova do rei da Espanha, foi acusado na semana passada pelos supostos delitos de desvio, fraude, falsificação de documentos e prevaricação em suas atividades à frente do Instituto Nóos. EFE