Roma, 25 mai (EFE).- A luta contra a evasão fiscal e os cortes
nos gastos públicos são dois dos eixos principais do plano de
austeridade aprovado hoje pelo conselho de ministros italiano, que
prevê uma economia de 24 bilhões de euros entre 2011 e 2013.
Deste modo, a Itália se une a outros países europeus como
Espanha, Reino Unido, Portugal e Grécia no objetivo de reduzir seu
déficit para devolver a confiança aos mercados.
O plano foi aprovado depois de quase uma hora e meia de
deliberações e será detalhado amanhã em entrevista coletiva pelo
primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e o ministro de
Economia Giulio Tremonti.
O anúncio do plano coloca fim a duas semanas de especulações da
imprensa italiana, que chegou a apontar ajustes orçamentários de 28
bilhões de euros.
Em comunicado de imprensa emitido após a reunião, a Presidência
do Governo ressaltou que o objetivo das intervenções é levar o
déficit público a um nível inferior a 3% em 2012, sem dar mais
detalhes.
Fontes do Governo italiano informaram a Agência Efe que não sabem
quando será possível dispor das mesmas, à espera de que Berlusconi e
Tremonti especifiquem amanhã o conteúdo do programa em entrevista
coletiva.
Foi divulgada uma minuta da reunião do conselho, que contempla o
congelamento dos salários dos funcionários a partir deste ano, uma
situação que será estendida até 2013.
Sobre a aposentadoria, está prevista uma intervenção para
permitir um atraso no acesso a ela, que será passado dos atuais 60
anos para os 65 para mulheres, em 2016.
Também serão endurecidos os requisitos para o acesso a pensões
por invalidez e serão reforçados os controles aos solicitantes.
Além disso, estão previstos cortes nos ministérios e no
financiamento de partidos.
O texto propõe ainda uma "anistia" para os imóveis ilegais, o
que, segundo as previsões, poderia permitir um arrecadamento de 6
bilhões de euros.
No âmbito empresarial, o plano prevê o aumento de impostos sobre
as chamadas stock options e um corte de entre 5% e 10% nos salários
superiores a 90 mil e 130 mil euros.
Grande parte do peso do plano de ajuste recairá nas regiões, que
deverão assumir cortes no valor de 10 bilhões de euros entre 2011 e
2012, enquanto as entidades locais e provinciais pedirão um aumento
progressivo da economia, até alcançar os 2,1 bilhões de euros em
2012.
É previsto, além disso, o estabelecimento de uma "contribuição de
estadia" para os turistas que pernoitarem em hotéis em Roma, uma
possibilidade que levantou críticas da associação hoteleira
Federalberghi.
Antes da reunião de ministros, o Governo manteve uma série de
encontros com as administrações locais e os sindicatos, que
expressaram opiniões contrárias sobre as medidas propostas pelo
Executivo.
O secretário-geral do sindicato CGIL, Guiglielmo Epifani,
lamentou que o maior "sacrifício sempre seja pedido aos funcionários
públicos e privados" e ressaltou que, no plano do Governo, não há
nenhuma medida para apoiar "os investimentos".
"É um programa que não mantém um princípio de equidade", disse
Epifani, que afirmou que esperará até amanhã para tomar qualquer
decisão sobre a possível convocação de uma greve geral em protesto
ao plano, após avaliar detalhadamente as medidas. EFE