Roma, 12 jul (EFE).- O Governo e a oposição se mostraram nesta terça-feira dispostos a acelerar a aprovação no Parlamento italiano do plano de ajuste de 48 bilhões de euros apresentado pelo Executivo de Silvio Berlusconi para tentar dissipar as dúvidas dos mercados sobre a solvência das finanças da Itália.
Em novo dia conturbado na Bolsa de Milão, os representantes dos grupos políticos no Senado concordaram em estabelecer o prazo de até meio-dia da quinta-feira para aprovar o plano de austeridade, e assim receber o sinal verde da Câmara dos Deputados antes do final da semana.
Os principais partidos da oposição informaram que, por responsabilidade, não apresentarão muitas emendas ao decreto lei aprovado pelo Governo no último dia 30 de junho, mas exigiram que o Executivo renuncie depois que o Parlamento aprovar esse plano.
"Nós pela Itália fazemos nossa parte, mas não acredito que Berlusconi seja um elemento de confiança nem para a Itália nem para o contexto internacional", disse o líder do Partido Democrata, Pierluigi Bersani.
Pela primeira vez desde que o nervosismo se apoderou da Bolsa de Milão e dos mercados de dívida italiana na sexta-feira passada, o primeiro-ministro da Itália se manifestou nesta terça-feira por meio de um comunicado para pedir unidade e declarar que os bancos italianos são sólidos.
"Temos a Europa ao nosso lado e podemos contar com inegáveis pontos de apoio. O Governo é estável e forte. A maioria governante está coesa e determinada", afirmou.
"Para nós, para a Itália, não é um momento fácil. A crise chega em meio a um forte processo de ajuste das contas públicas que empreendemos há muito tempo e foi reforçado há poucos dias", acrescentou.
Berlusconi considerou também que a complicada situação que o país atravessa desde sexta-feira passada é causada por uma "crise de confiança" que afeta não apenas a Itália, mas a toda a União Europeia (UE) e sua moeda comum.
Segundo o primeiro-ministro, a crise obriga o país a "acelerar" o processo de ajuste orçamentário em um "prazo rapidíssimo", além de reforçar e definir adequadamente as medidas destinadas a conseguir o equilíbrio das contas públicas em 2014.
"É preciso eliminar qualquer dúvida sobre a eficácia e sobre a credibilidade do ajuste, mas é necessário também trabalhar para eliminar os obstáculos que freiam o crescimento de nossa economia", apontou Berlusconi, em sintonia com as recomendações feitas pela chanceler alemã, Angela Merkel, em conversa telefônica no domingo passado.
Nesta terça-feira, quando foi divulgado que a UE estuda convocar uma cúpula extraordinária para sexta-feira, o mercado voltou a temer o pior para a Bolsa de Milão, após duas sessões de perdas, com o índice FTSE MIB em retrocesso de 3,47% na sexta-feira e de 3,96% na segunda-feira.
Porém, após a propagação do rumor que o Banco Central Europeu (BCE) estava comprando bônus da Itália e da Espanha, o FTSE MIB subiu 1,18% no fechamento, até os 18.510,53 pontos, e o índice geral FTSE Italia All-Share subiu 1,08%, até os 19.247,99 pontos.
A situação na Bolsa de Milão foi tal esta nterça-feira (chegou inclusive a registrar 5% de perdas durante a manhã), que o ministro da Economia, Giulio Tremonti, abandonou a reunião do Ecofin (ministros da Economia e das Finanças da União Europeia) em Bruxelas para tratar em Roma dos últimos detalhes do plano de ajuste.
Ao término dessa reunião, tanto o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, como o comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, mostraram seu apoio às medidas italianas.
O prêmio de risco da Itália chegou a se situar nesta terça-feira nos 347 pontos básicos (os juros dos bônus a dez anos passaram dos 6%) e o Governo conseguiu colocar 6,7 bilhões de euros em bônus a um ano com rendimento de 3,6% (contra 2,1% do último leilão). EFE