Tóquio, 2 ago (EFE).- O ministro de Finanças japonês, Yoshihiko Noda, advertiu nesta terça-feira que o iene está supervalorizado no mercado de divisas, onde nos últimos dias registrou níveis máximos frente ao dólar nos últimos quatro meses.
Noda, citado pela agência local "Kyodo", insistiu que o comportamento do mercado de divisas não reflete adequadamente os fundamentos econômicos do iene, embora tenha evitado fazer comentários sobre uma possível intervenção do Governo para frear sua valorização.
A moeda japonesa chegou na segunda-feira ao valor de 76,29 ienes frente ao dólar em Nova York, muito perto do valor máximo do pós-guerra, alcançado em 17 de março, quando chegou a 76,25 unidades após o terremoto e o tsunami que assolaram o nordeste japonês.
Nessa ocasião, os países do G7 (EUA, Canadá, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e França) acertaram uma operação conjunta de venda de ienes para depreciar a moeda japonesa e facilitar assim a recuperação do Japão.
Também o ministro porta-voz japonês, Yukio Edano, afirmou nesta terça-feira que o Governo do país está "muito preocupado" com a fraqueza do dólar.
No último mês, a moeda americana caiu mais de 4 ienes diante da inquietação dos exportadores, motor da economia japonesa, já que uma moeda local forte afeta sua competitividade e reduz seu lucro.
O diário econômico "Nikkei" aponta nesta terça-feira que, diante da contínua alta do iene, o Governo japonês estaria preparado para uma eventual intervenção no mercado para debilitar a moeda local.
Se esta previsão se confirmar, será a terceira intervenção em menos de um ano, após a efetuada com o G7 em março e a produzida pelo Governo japonês em setembro de 2010, quando vendeu 2 trilhões de ienes (18 bilhões de euros) em uma operação recorde para um só dia.
A queda do dólar frente ao iene nos últimos dias aconteceu devido à preocupação pelas negociações para elevar o teto da dívida nos EUA, pelo que, segundo os analistas, Washington poderia dar seu consentimento tácito à eventual intervenção de Tóquio no mercado de divisas.
A Câmara dos Representantes dos EUA aprovou nesta segunda-feira o plano bipartidário para evitar a moratória, que deve ser ratificado pelo Senado nesta terça. EFE