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Déficit brasileiro em conta corrente triplica e será recorde em 2010 e 2011

Publicado 21.09.2010, 13:37

Brasília, 21 set (EFE).- O Brasil acumulou déficit em conta corrente de US$ 31,122 bilhões nos primeiros oito meses do ano, montante três vezes maior que o registrado no mesmo período de 2009, o que levará a saldo negativo recorde em 2010 e em 2011, segundo projeções divulgadas nesta terça-feira pelo Banco Central.

O déficit nas transações correntes do Brasil com o exterior chegará este ano ao valor recorde de US$ 39 bilhões (2,49% do PIB) e voltará a subir em 2011, quando vai alcançar US$ 60 bilhões (2,78% do PIB), de acordo com cálculos da autoridade monetária.

Até agora, o maior saldo negativo em conta corrente do Brasil foi registrado em 1998, quando os recursos enviados ao exterior superaram os que ingressaram em US$ 33,4 bilhões.

Contribuem para a deterioração das contas externas, além da forte queda do superávit comercial, a expansão das remessas de lucros e dividendos das empresas estrangeiras instaladas no país e as crescentes despesas dos turistas brasileiros no exterior.

Como a economia brasileira cresce com força este ano, as importações aumentaram significativamente para atender à crescente demanda, assim como as divisas que as empresas multinacionais enviam ao exterior para ajudar suas matrizes.

O Banco Central reajustou sua projeção para o superávit comercial em 2010, de US$ 13 bilhões para US$ 15 bilhões, mas o valor ainda está abaixo do de 2009 (US$ 25,348 bilhões). De acordo com os cálculos da instituição, o superávit comercial cairá ainda mais em 2011, para US$ 11 bilhões.

Além disso, a projeção para 2010 do déficit na conta de serviços e de renda, que inclui entre outros as remessas de lucros, o pagamento de juros e as viagens ao exterior, foi elevada de US$ 65,5 bilhões para US$ 67,5 bilhões.

Praticamente metade desse déficit previsto (US$ 32 bilhões) se refere a recursos que as multinacionais enviam ao exterior como remessas de lucros e dividendos.

O saldo na conta de viagens internacionais (diferença entre o que os estrangeiros gastam no país e o que os turistas brasileiros gastam no exterior) também será recorde e alcançará US$ 10 bilhões este ano e US$ 11,5 bilhões em 2011.

Apesar de não superar o recorde de julho (US$ 1,53 bilhão), as despesas dos turistas brasileiros no exterior em agosto somaram US$ 1,3 bilhão, o maior valor registrado para este mês.

Além disso, o investimento estrangeiro direto, que compensava o resultado negativo nas contas externas, será inferior ao previsto inicialmente. O Banco Central reduziu sua projeção para o investimento estrangeiro em projetos produtivos este ano, de US$ 38 bilhões para US$ 30 bilhões.

Até agosto, o saldo era de US$ 17,130 bilhões, frente aos US$ 15,856 bilhões dos primeiros oito meses do ano passado.

O investimento estrangeiro direto, no entanto, crescerá em 2011 e pode chegar a US$ 45 bilhões, segundo as projeções oficiais. EFE

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