Carlos Arrazola.
Guatemala, 2 jun (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
concluiu hoje uma visita à Guatemala, na qual acertou com o chefe de
Estado guatemalteco, Álvaro Colom, a venda de seis aviões e
equipamentos de navegação aérea no valor de US$ 99 milhões para
combater o crime organizado e o tráfico de drogas no país.
Lula, que fez uma visita oficial de 24 horas à Guatemala,
conheceu também de perto os programas de combate à pobreza que o
Governo de Colom promove e que são inspirados nas políticas
brasileiras.
Em entrevista coletiva, o presidente da Guatemala confirmou que,
durante a reunião de trabalho que manteve na segunda com Lula, foi
acertada a venda à Guatemala de seis aviões Super Tucano da Embraer
e equipamentos de navegação aérea e radares por um valor de US$ 99
milhões.
"São seis aviões, o sistema de cômputo completo para a navegação
aérea e os radares", acrescentou.
O presidente guatemalteco explicou que o empréstimo para o
financiamento dos aviões e equipamentos de navegação aérea terá um
prazo de 12 anos e uma taxa de juros "baixa", a qual não detalhou.
Segundo Colom, o processo de assinatura formal do acordo de
compra, o empréstimo e a entrega das naves e equipamentos poderiam
demorar até 18 meses.
As aeronaves e equipamentos brasileiros permitirão à Guatemala
ter um melhor controle do espaço aéreo do país para combater o
tráfico de drogas, crime organizado e outras ameaças como
catástrofes naturais.
Na reunião de trabalho, Colom também pediu a Lula para pressionar
as empresas brasileiras a participarem das próximas licitações de
novas áreas para a prospecção e exploração de petróleo e gás, em
terra e mar, em território guatemalteco.
Além disso, reiterou seu interesse de que empresas brasileiras
participem, com o apoio do Governo federal, nos projetos
hidrelétricos implementados para a mudança da matriz energética da
Guatemala, incluindo a possibilidade de financiamento.
Por outro lado, Lula foi convidado pelo presidente guatemalteco e
por sua esposa, Sandra Torres, para conhecer hoje os projetos
promovidos pela Administração de Colom para diminuir os níveis de
pobreza no país, problema que afeta 51% dos 13,3 milhões de
guatemaltecos.
Esses projetos são inspirados em programas brasileiros similares.
Antes do almoço, Lula visitou com o casal presidencial uma
"escola aberta", em Villa Nova, subúrbio do sudoeste da capital
guatemalteca.
No local, onde centenas de crianças e jovens de baixa renda fazem
cursos de capacitação em trabalhos artesanais e técnicos e se
envolvem em projetos esportivos e culturais, Lula parabenizou Colom
"por seus esforços" para combater a pobreza.
Diante de três mil jovens, Lula destacou a importância
estratégica de fornecer à juventude recursos para conseguir seu
desenvolvimento integral, o que, disse, dá origem a sociedades
justas e solidárias.
O presidente brasileiro explicou que "na América Latina só Cuba
dava atenção à juventude. Que bom que agora cada vez mais países da
América Latina se preocupam com seus jovens".
As escolas abertas e os "refeitórios solidários" são dois
projetos do programa de Coesão Social dirigido pela esposa do
presidente guatemalteco, cujos objetivos são contribuir à redução
dos níveis de pobreza.
Antes do almoço no refeitório solidário, Lula cumprimentou as
cerca de 50 pessoas que entraram antes da chegada do presidente
brasileiro, enquanto outras 400 precisaram esperar pelo fim da
visita oficial.
Após o almoço solidário, Lula concluiu sua terceira visita
oficial à Guatemala, e partiu em direção à Costa Rica, onde se
reunirá com o presidente Óscar Arias.
Na segunda-feira, o presidente brasileiro iniciou em El Salvador
uma curta viagem pela América Central, onde participou da posse do
novo presidente desse país, Mauricio Funes. EFE