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Lula diz que resposta do Brasil a crise será ampliar comércio internacional

Publicado 29.06.2010, 19:57

São Paulo, 29 jun (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje os subsídios com os quais os países ricos protegem sua agricultura e assegurou que a resposta do Brasil à crise será intensificar o comércio internacional.

"Mais comércio será nossa resposta à crise internacional", disse Lula, em São Paulo, no fechamento do encontro empresarial Brasil-Itália: Novas Parcerias Estratégicas, que contou com a participação do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que fez uma breve visita hoje ao país.

Em um ato no qual assinaram vários acordos para estimular os investimentos e o comércio bilateral, o presidente acrescentou que o contexto de recessão mundial "reforçou o papel decisivo dos países emergentes", como o Brasil.

O presidente se mostrou muito crítico à política de apoio ao setor primário nas nações desenvolvidas e ressaltou que "o subsídio à agricultura dos países ricos é prejudicial para os mais pobres".

Lula se referia mais especificamente aos subsídios do Governo americano e disse que se trata de "um final muito negativo para quem passou a vida falando de livre-comércio".

"Livre-comércio não é só vender nossos produtos, (...) é também comprar. O livre-comércio é verificado em uma possibilidade de igualdade, em equidade", acrescentou.

O presidente declarou que é preciso "acreditar que é possível" concluir com sucesso a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Lula afirmou que o país é um bom destino para os investimentos e o comércio, destacou o "extraordinário potencial" do turismo de Brasil e Itália e disse que a visita de Berlusconi "fortalece a cooperação estratégica".

O presidente lembrou os laços que unem os dois países e os quase 30 milhões de brasileiros de origem italiana que vivem no país.

"A única coisa que temos diferente é um pouco a língua e nosso passaporte", disse.

Já Berlusconi afirmou que a "Itália é um parceiro ideal para o Brasil" e destacou que seu país não precisou de ajudas econômicas da França ou da Alemanha durante a crise que afeta a Europa.

"Não temos petróleo, mas temos a criatividade de nossos empresários", disse o primeiro-ministro italiano, que defendeu o aprofundamento das relações bilaterais e assegurou que os acordos assinados hoje "abriram" o leque de produtos que podem ser exportados para o Brasil.

Além disso, o premiê apontou como âmbitos para a cooperação bilateral as infraestruturas, o setor aeroespacial, a tecnologia e o transporte ferroviário.

Por outro lado, Berlusconi encorajou Lula a voltar a candidatar-se à Presidência dentro de quatro anos, já que não pode tentar uma segunda reeleição consecutiva.

"Agora o presidente vai descansar durante quatro anos e depois poderá voltar a trabalhar oito anos pelo Brasil", disse Berlusconi. "Tenho certeza de que o país sentirá a perda de um grande presidente", acrescentou.

Itália e Brasil ainda têm pendente a polêmica gerada pela extradição do ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti, condenado por quatro assassinatos em seu país e que está preso no Brasil.

"A relação do Brasil com a Itália é tão forte que qualquer que seja a decisão no caso Battisti não causará nenhum arranhão entre os dois países", assegurou Lula.

Em declaração conjunta distribuída à imprensa, os dois líderes se comprometeram também a promover uma solução pacífica aos conflitos existentes, a combater a pobreza, a defender os direitos humanos e a contribuir para a reforma das instituições internacionais, incluindo o Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Além disso, destacaram a importância de concluir com sucesso as negociações da Rodada de Doha e de avançar rumo a um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). EFE

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