Brasília, 9 abr (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
colocou hoje "à disposição" do líder de Estado do Chile, Sebastián
Piñera, um possível financiamento para a reconstrução das áreas
destruídas pelo terremoto que atingiu o país em fevereiro.
"O compromisso do Brasil para ajudar o Chile a se levantar é
concreto e incondicional", declarou Lula junto a Piñera, que foi
recebido hoje em Brasília.
Lula reafirmou que empresas brasileiras e o próprio Governo estão
dispostos a colaborar "em tudo o que for necessário" para recuperar
as estruturas destruídas pelo terremoto e disse que o financiamento
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
"está à disposição".
Piñera, por sua parte, abriu as portas do Chile para todas as
empresas brasileiras dispostas a participar da reconstrução de
"milhares de casas, estradas, escolas, pontes e aeroportos" e
expressou sua solidariedade ao Brasil pela tragédia causada pelas
chuvas que esta semana caíram sobre o Rio de Janeiro.
"Esses dois fatos (o terremoto no Chile e os temporais no Rio de
Janeiro) fazem com que os países se aproximem mais", declarou o
presidente chileno, que afirmou que "na adversidade" será
demonstrada "a união" entre as duas nações.
Os dois presidentes destacaram que um dos pontos fundamentais da
reunião de hoje foi a decisão de avançar rumo a um acordo que
incentive os investimentos mútuos.
Lula reiterou seu interesse em que o investimento brasileiro no
Chile, que cifrou em US$ 2 bilhões, se equipare ao do Chile no
Brasil, de US$ 8 bilhões.
"Agora temos a oportunidade de fazer mais em benefício da
recuperação" do Chile, acrescentou.
Os dois presidentes também se comprometeram a buscar maneiras de
potencializar o comércio bilateral, que passou de US$ 3 bilhões em
2003 para US$ 10 bilhões no ano passado, "mas que ainda é pouco" em
comparação com o tamanho de suas economias, disse Lula.
O presidente também propôs a Piñera que estude a possibilidade de
adotar entre Brasil e Chile o mecanismo de pagamentos para o
comércio bilateral em moedas locais, em substituição do dólar, como
acontece com a Argentina há dois anos.
Os dois presidentes reiteraram seu compromisso com a integração
regional e destacaram o interesse mútuo, que disseram compartilhar
com o presidente boliviano, Evo Morales, de concluir em um curto
prazo o "corredor interoceânico", estrada que sairá do porto de
Santos e chegará ao chileno de Iquique através da Bolívia.
Durante o encontro, os dois presidentes assinaram um acordo de
cooperação na área de esportes, que segundo Lula "chega em um
momento especialmente oportuno", pela realização da Copa do Mundo em
2014 no Brasil e dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
Piñera brincou ao dizer que espera ver Lula na África do Sul na
final da Copa deste ano, em um enfrentamento entre Brasil e Chile.
Também disse que Lula se comprometeu a fazer ainda este ano uma
visita de Estado ao Chile e que, nessa oportunidade, assegurou que,
como Morales fez em março, disputará uma partida de futebol com ele.
Antes da reunião, Piñera se reuniu com a ex-ministra da Casa
civil Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência. EFE