Lima, 11 dez (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez
hoje em Lima (Peru) um pedido aos países sul-americanos para que se
tornem menos dependentes de Europa e Estados Unidos, e deu como
exemplo a relação entre Brasil e Peru.
Após duas reuniões entre Lula e o presidente peruano Alan García
- a primeira em particular e a segunda com representantes das duas
delegações -, os dois líderes fizeram breves declarações antes de
assinarem 17 acordos de cooperação e uma declaração conjunta de 51
pontos.
García disse que a integração dos dois países "permitirá que
ambos alcancem o alto nível de bem-estar e desenvolvimento social
pelos quais todos lutamos", e chamou Lula de "peregrino da
integração continental".
Corroborando estas palavras, Lula destacou as relações entre os
países sul-americanos, que atingiram um grau que classificou como
impensável há 20 anos "por desconfianças históricas" e porque "os
países do norte eram os que impunham as regras".
Lula fez especial referencia ao papel das empresas nneste
trabalho de integração, assegurando que encoraja os empresários
brasileiros a não olhar tanto para o norte, mas investir e vender
produtos na América do Sul e na África, embora tenha ressaltado que
o comércio deve ser justo e fazer com que as duas partes ganhem.
Peru e Brasil tiveram em 2008 intercâmbios comerciais no valor de
US$ 3.167 bilhões, com uma balança comercial propícia ao Brasil -
US$ 2.271 bilhões em exportações, contra US$ 895 milhões em
importações peruanas, segundo fontes do Ministério das Relações
Exteriores em Lima.
Entre os projetos de investimento, o mais importante é o da
Petrobras, que neste ano investiu US$ 160 milhões no Peru e planeja
fazer com que este número chegue a US$ 1 bilhão até 2013.
A Petrobras explora atualmente um lote petroleiro na bacia de
Decepasse (norte do Peru), onde produz 16 mil barris diários, além
de outro lote na região de Cuzco, onde acredita-se que haja enormes
reservas de gás ainda não descobertas.
Para deixar claro o caráter notadamente econômico da visita de
Lula ao Peru, o presidente brasileiro esteve acompanhado não só pelo
chanceler Celso Amorim, mas também pelo ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão, e o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, além de
diversos empresários.
Lula disse que os empresários brasileiros foram vistos no
continente, durante os últimos anos, como imperialistas, sentimento
que não era despertado pelas empresas americanas, algo que atribuiu
à "lavagem cerebral a que fomos submetidos durante séculos".
Paralelamente à reunião de Lula com García, um Conselho
Empresarial Peruano-Brasileiro se reunia em outra dependência do
Palácio do Governo, e outro grupo de empresários de ambos os países
realizava um seminário em um hotel de Lima.
Lula destacou, além disso, o papel que pode ser desempenhado
pelos governos dos dois países em prol da integração.
Um dos projetos mais ambiciosos de integração fronteiriça é a
usina de energia elétrica de Inambari, projetada pela Eletrobrás e
cuja construção já começou. Em 2016, ano previsto para a conclusão
da obra, ela poderá fornecer eletricidade ao Peru, que venderia o
excedente ao Brasil. EFE