Bruxelas, 30 set (EFE).- O Instituto de Veteranos belga organizou
o mais completo e preciso mapa publicado até agora com a localização
de 2,1 mil campos de detenção nazistas em vários países
centro-europeus durante o III Reich.
"Buscamos por todo o mundo e reunimos todas as informações
possíveis. Pelo que sabemos, trata-se do levantamento mais completo
já publicado", explicou hoje em Bruxelas o historiador Jan Cardoen,
responsável pelo projeto.
Ao todo, 21 campos de concentração, seis de extermínio, 798
comandos, 509 prisões, 498 campos, 95 stalags (campos para
prisioneiros de guerra), 46 oflags (campos para oficiais
prisioneiros de guerra), 67 campos de reeducação e 70 de trabalho
para a deportação racial figuram entre os 2.107 lugares
identificados.
O projeto nasceu há dois anos com a intenção de reunir
precisamente em um mesmo documento todos os lugares em que o sistema
nazista atuou.
Após um longo e exaustivo trabalho de pesquisa, nesta
quarta-feira, saiu a primeira edição do plano. Cardoen pondera que o
projeto terá continuidade a partir das novas informações que
surgirem.
Concretamente, o mapa cobre os territórios do III Reich alemão
(essencialmente as atuais Áustria e Alemanha), os países sob
protetorado (Polônia e Tchecoslováquia) e parte de alguns estados
ocupados (França e Bélgica), embora o historiador não descartou a
possibilidade de ampliá-lo até Itália, Romênia e os países
balcânicos.
De fato a análise realizada permite concluir que os lugares de
detenção nazistas somam mais de 20 mil, dado que o mapa não inclui
os stalags de menor tamanho nem entre os 3 mil e 4 mil guetos judeus
que existiram na Polônia segundo algumas fontes.
O instituto geográfico nacional belga, que também participou do
projeto, comprovou a exatidão de todos os lugares localizados no
plano e verificou os topônimos, um trabalho árduo já que um mesmo
ponto poderia receber diferentes nomes de acordo com diversos
idiomas.
"Quando começamos o projeto, estávamos longe de imaginar esta
realidade cruel: uma Europa central transformada em uma prisão ao ar
livre", declarou o presidente do Instituto de Veteranos belga, André
Lejoly.
Para as gerações passadas, o levantamento é uma marca de
respeito, uma lembrança mediante o qual o instituto presta uma
homenagem aos veteranos, destacou Lejoly.
Para as gerações atuais e as próximas "constitui um convite ao
conhecimento, por meio da história, e à consciência, para que se
tenha certeza que sistemas como este nunca voltarão a reaparecer e
que nenhum plano futuro da Europa se pareça ao que acabamos de
editar". EFE