Washington, 5 jun (EFE).- O mercado de trabalho dos Estados
Unidos teve, em maio, um comportamento melhor do que o esperado, em
um sinal que os analistas atribuem a um certo alívio da situação
econômica, embora o índice de desemprego tenha aumentado para 9,4%,
o máximo em 26 anos.
No mês passado, foram perdidos nos EUA um total de 345 mil postos
de trabalho, o menor número dos últimos oito meses, depois de, em
abril, terem sido eliminados 504 mil empregos e de os analistas
terem calculado a perda de outros 520 mil em maio.
Com isso, o índice de desemprego aumentou em cinco décimos, até
9,4%, segundo um relatório divulgado hoje pelo Departamento de
Trabalho americano.
A economia americana tinha tido uma perda líquida média de 643
mil postos durante os seis meses anteriores.
Desde que começou a recessão, em dezembro de 2007, a principal
economia do mundo perdeu 6 milhões de empregos, o que agravou a pior
crise econômica no país desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
"Começamos a ver sinais de que a recuperação se consolida à
medida que o plano integral do presidente Barack Obama alcança mais
e mais pessoas", disse a secretária de Trabalho, Hilda Solís.
"Este relatório mostra que os programas do Plano de Recuperação
começam a moderar a perda de empregos, e que os cortes de impostos
ajudam a estabilizar o emprego nos setores de comércio no varejo e
serviços", acrescentou.
O vice-presidente do país, Joseph Biden, também reconheceu que a
alta taxa de desemprego reflete a dureza dos tempos nos Estados
Unidos, apesar de ter ressaltado que os últimos dados indicam que há
"sinais de esperança".
Em maio, outras 787 mil pessoas se somaram às fileiras dos
desempregados, que somaram 14,5 milhões, segundo o relatório do
Governo.
Na quinta-feira, o Departamento de Trabalho dos EUA informou que
o número semanal de pedidos de seguro-desemprego diminuiu em quatro
mil e ficou, na semana passada, em 621 mil, o menor nível desde o
começo de maio.
O número de pessoas que recebiam o benefício, que batia recordes
a cada semana desde janeiro, caiu pela primeira vez, em 15 mil, e
ficou em 6,74 milhões na semana que terminou em 23 de maio.
"Seguimos preocupados com o alto nível de desemprego", afirmou
Solís, "especialmente para os que estiveram sem trabalho por um
período prolongado".
O panorama real dos trabalhadores parados nos Estados Unidos é um
pouco mais grave que o descrito pelos números do Departamento de
Trabalho.
Os dados, por exemplo, não incluem cerca de 700 mil
desempregados, tão desalentados com a situação que, segundo o
escritório do censo, desistiram de procurar trabalho após quatro
semanas.
Também não incluem as aproximadamente 1,4 milhão de pessoas que,
de acordo com a mesma fonte, trabalharam no último ano, mas
desistiram na tentativa de encontrar um emprego no último mês devido
a empecilhos como a necessidade de cuidar dos filhos, problemas de
saúde ou a falta de transporte.
Há outras 2 milhões de pessoas que conseguiram emprego em tempo
parcial só porque não têm outra opção, conforme dados do Federal
Reserve (Fed, banco central americano).
Se for somado este contingente de 9 milhões de trabalhadores, a
taxa de desemprego se aproxima de 15,8%, e o número de pessoas nos
EUA desocupadas, subempregadas ou que abandonaram a busca de
trabalho, chega a quase 25 milhões.
O relatório de hoje mostra também que houve uma perda de 156 mil
postos no setor fabril, incluindo 29.800 nas indústrias de
fabricação de veículos e peças.
O ramo da construção, que em abril tinha perdido 108 mil
empregos, teve queda de outros 59 mil em maio, e o setor de
serviços, que tinha registrado 230 mil postos a menos em abril,
perdeu 120 mil em maio. EFE