Fernando Mexía.
Los Angeles (EUA), 15 jul (EFE).- O estúdio Metro Goldwyn Mayer
(MGM) agoniza ante uma dívida multimilionária e procura
desesperadamente uma solução financeira que mantenha o leão mais
famoso de Hollywood rugindo nos cinemas do século XXI.
A ameaça da quebra iminente sobrevoa a produtora de clássicos com
"O Mágico de Oz" (1939), "E o Vento Levou" (1939), "Ben-Hur" (1959),
a saga do agente secreto 007, além da recentemente encarregada de
desenvolver a esperada série da obra literária "O Hobbit",
originalmente escrita por J. R. R. Tolkien, mesmo autor de "O Senhor
dos Anéis".
A MGM acumula atualmente dívida de US$ 3,7 bilhão e, apesar de
seu grandioso catálogo de filmes, sua renda tem sido duramente
prejudicada pela crise, especialmente na divisão de DVDs.
Incapaz de tapar o rombo financeiro, o estúdio está a meses
tentando ganhar tempo para encontrar uma alternativa ao fechamento,
cogitando desde uma fusão ou até a - pouco provável - venda.
A MGM informou ontem que conseguiu uma nova prorrogação para
pagar parte da dívida de US$ 3,7 bilhões que ameaça levá-la à
quebra.
É o sexto adiamento dado pelos credores. O objetivo é que a MGM
apresente um plano de reestruturação que evite seu desmantelamento.
Se a concessão não fosse feita, o estúdio teria que pagar US$ 500
milhões hoje, entre devolução do valor principal e os juros. O prazo
está agora adiado para 15 de setembro.
Em junho de 2011 vence o prazo para o pagamento de US$ 1 bilhão.
Até 2012, se as datas de pagamento estiverem cumpridas, a dívida
estará liquidada.
Para entender a origem do problema, é preciso voltar a 2004, ano
em que a Sony, a empresa de telecomunicações Comcast e as
financeiras Providence Equity e TPG Capital lideraram uma operação
para comprar a MGM a crédito por cerca de US$ 5 bilhões.
Uma estimativa posterior considerou a operação supervalorizada,
consequência da alta de preços em meio a um bom momento da
econômica, mas que serviu para a Sony garantir que os filmes da MGM
adotassem o seu formato de reprodução digital Blu-ray - até então
brigando com o HD-DVD da Toshiba.
A explosão da bolha financeira e a consequente seca do crédito no
mercado pôs uma corda no pescoço do estúdio fundado em 1924, cuja
sobrevivência parecia irremediavelmente fadada a se fundir com
produtoras menores, como Spyglass, Summit ou Lionsgate.
O trâmite, que precisa da aprovação dos acionistas e dos
credores, ajudaria a MGM em uma reestruturação que, no caso da
Spyglass ("O Sexto Sentido", 1999) implicaria em demissões, na
eliminação do departamento de distribuição e na mudança da sede para
instalações mais baratas, como foi divulgado no jornal "Los Angeles
Times".
Pouco se sabe da proposta da Summit, companhia que vive um bom
momento com o sucesso da saga "Crepúsculo", mas especula-se que os
diretores fariam cortes menos drásticos na MGM que os propostos pela
Spyglass.
Já o Lionsgate ("Jogos Mortais", 2004) foi um dos primeiros entre
os pequenos estúdios de Hollywood a se mostrar interessados no
estúdio. No começo do ano, a produtora fez uma oferta de compra de
US$ 1,4 bilhão, mas a retirou devido a um desacordo entre seus
acionistas majoritários.
Como até hoje as disputas internas pelo poder na Lionsgate
continuam sem resolução, a possibilidade de um resgate à MGM parece
mais complicada.
Outra proposta veio, segundo o blog "Hollywood Deadline.com", da
produtora Relativity Media, que estaria disposta a investir US$ 500
milhões na MGM para que comecem a rodar projetos rentáveis, como a
nova aventura de James Bond ou os dois outros filmes da saga "O
Hobbit".
Uma opção mais improvável é a proposta de compra da gigante
midiática News Corporation, que, através da filial Time Warner,
ofereceu US$ 1,5 bilhão pela MGM, uma quantia considerada
insuficiente, mas que não foi formalmente rejeitada pelos credores.
EFE