Veneza (Itália), 6 set (EFE).- O diretor americano Michael Moore
voltou a mostrar hoje no Festival de Cinema de Veneza seu lado mais
ácido e de efeito com "Capitalism: A Love Story", seu novo
documentário no qual critica, em um momento fácil de crise
econômica, os bancos e as multinacionais.
Moore foi recebido em meio a aplausos na sala de imprensa, onde
se mostrou mais comedido do que o habitual e, em seu curto
comparecimento, apenas criticou "esse líder louco que há na Itália"
e alertou aos europeus do risco de imitar os Estados Unidos.
"Este filme é muito relevante para a Europa. Vocês estão
experimentando o resultado do colapso econômico, que não é só nos
Estados Unidos", disse Moore.
Já que, segundo Moore, o documentário é um exemplo dos danos
sofridos nos Estados Unidos pelo capitalismo selvagem, "quanto mais
tentem se comportar como nós, mais difícil será para suas
sociedades".
Esses efeitos, os do capitalismo, levaram à ruína muitas famílias
americanas, como reflete Moore em seu documentário, do que culpa
pela situação atual os ex-presidentes dos Estados Unidos George W.
Bush e Ronald Reagan, as multinacionais, os bancos e os que
enriqueceram às custas dos outros.
O documentário é fiel ao estilo de Moore, com uma estrutura
narrativa quase inexistente e com golpes de efeito que cada vez se
parecem mais os dos programas de televisão de câmera escondida.
Moore se alimenta dos testemunhos das pessoas que caíram em
desgraça em seu país para criticar o sistema capitalista, as que
perderam suas casas ou que viram a morte de seus entes queridos
redundar em lucro para as empresas para as quais trabalhavam através
de apólices de seguros irregulares.
Algo fácil de fazer em uma situação como a atual e após os
escândalos financeiros que sacudiram o mundo e que permite que Moore
se concentre em bancos como o Lehman Brothers ou o Citibank, e
empresas como a General Motors, alguns dos nomes mais ligados à
atual crise econômica.
Tudo isso com as táticas frequentes de seus documentários, que
dão lugar a situações bastante cômicas e um tanto repetitivas, cada
vez que tenta entrar em um edifício ou se reunir com um dos
responsáveis bancários ou empresariais aos quais critica.
Apesar de tudo, o documentário é ágil e se deixa ver com
facilidade, além de conter um bom punhado de verdades que parecem
ameaçar o "sonho americano".
No entanto, Moore disse na entrevista coletiva que o bom do sonho
americano é que os americanos acreditam muito em seu país e têm fé
na justiça e na democracia.
"Há três ou quatro anos, se alguém tivesse dito que um
afro-americano seria presidente dos Estados Unidos, não teria
acreditado", disse.
O fato de Barack Obama estar no poder mostra "a capacidade dos
americanos, mas também das pessoas de todo o mundo" para conseguir
mudar as coisas, acrescentou. EFE