Redação Central, 22 set (EFE).- As bolsas europeias voltaram a sofrer nesta quinta-feira perdas superiores a 4%, uma reação às últimas medidas anunciadas pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) e a persistente incerteza na economia mundial.
Prejudicado pela mesma onda também foi o euro, devido ao fato de os investidores considerarem o dólar moeda mais segura neste momento.
Os mercados de valores europeus demonstraram decepção com o plano de estímulo econômico anunciado na quarta-feira pelo Fed. A negociação será feita por meio da troca de bônus de curto prazo por outros de longo prazo no valor de US$ 400 bilhões.
Assim, ao fim do dia, a Bolsa de Valores de Paris fechou com perdas de 5,25%; a de Frankfurt, 4,96%; a de Londres, 4,67%; a de Madri, 4,62% e a de Milão, 4,52%.
O economista-chefe da Intermoney, José Carlos Díez, afirmou à Agência Efe que a medida de estímulo anunciada pelo Fed na sessão passada "decepcionou os mercados", que esperavam mais, isso depois da pouca concretização do último Conselho de Ministros de Finanças da União Europeia (Ecofin). Desta reunião era esperado um plano concreto que evitasse a quebra da Grécia.
Para José Carlos Díez, durante a sessão desta quinta-feira, além do anúncio do Fed, as bolsas foram afetadas pelas atuações das agências de classificação que, em sua opinião, "voltaram a ser elemento desestabilizador".
A agência Moody's rebaixou a classificação de entidades financeiras americanas, como Bank of America, Citigroup e Wells Fargo. Para a entidade, existem agora menores probabilidades de o Governo resgatar essas instituições se for necessário.
A decisão do Moody's ocorreu um dia depois da Standard & Poor's rebaixar a classificação de alguns bancos italianos, o que afetou a cotação dos bancos europeus.
Para Díez também influenciou nos mercados o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertando sobre as necessidades de capital dos bancos europeus.
"Se o FMI adverte sobre o risco de recessão global, sua postura deveria ser de um bombeiro prudente e não de um incendiário", sentenciou Díez.
Com a mesma opinião de José Carlos Díez estão os economistas da Atlas Capital Corporation, que criticaram a posição dos mercados de jogarem na falta de concretização das medidas dos organismos mundiais, tanto no caso do Fed quanto do Ecofin na semana passada.
"É preciso dar aos problemas soluções concretas e quantificáveis", manifestaram os analistas da Atlas Capital.
Em consequência da queda dos mercados europeus, a bolsa dos Estados Unidos foi arrastada para o terreno negativo. Pesou para derrubar o pregão americano na mesma medida a publicação do aumento do número semanal de pedidos de seguro-desemprego.
Concretamente, após a derrubada das bolsas europeias, Wall Street ampliava a queda da abertura para além de 4%.
Por sua vez, o euro caiu nesta quinta-feira momentaneamente ao maior valor frente ao dólar em oito meses, para recuperar sua posição posteriormente.
A margem de oscilação do euro variou no mercado de Frankfurt entre US$ 1,3385 e US$ 1,3602 em uma negociação muito volátil.
Os números da atividade industrial da China e da Europa intensificaram o temor de uma nova recessão e a aversão ao risco entre os investidores, o que apoiou a cotação do dólar considerado seguro apesar da fragilidade conjuntural e do elevado endividamento dos EUA.
O índice de gerentes de compras do setor manufatureiro da zona do euro caiu em setembro até o nível mais baixo desde julho de 2009.
Com grandes compras de bônus, o BCE evitou que a rentabilidade da dívida soberana da Espanha e Itália disparasse, mas não conseguiu impedir o aumento da incerteza e a desaceleração da economia da zona do euro.
Além disso, o BCE publicou nesta quinta-feira um estudo que adverte sobre as sérias repercussões que a crise de endividamento pode ter para o futuro da União Econômica e Monetária (UEM). EFE