🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

O que a dolarização de países latino-americanos pode ensinar à Argentina?

Publicado 25.10.2024, 10:05
© Reuters
USD/ARS
-

Por Julio Alves

Investing.com – Em um relatório recente, a S&P Global Ratings analisou os possíveis impactos da dolarização na Argentina, considerando o cenário atual e as experiências de outros países latino-americanos.

Diante da inflação elevada e de uma economia fragilizada, o governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, vê na dolarização uma alternativa para estabilizar o país. A proposta envolve a adoção oficial da moeda americana, o que eliminaria a capacidade do país de emitir pesos e, teoricamente, controlaria a inflação, reforçando a confiança do mercado.

A dolarização pode oferecer algumas vantagens para a Argentina, na avaliação da S&P. De acordo com o relatório assinado pela economista Harumi Hasegawa, pela analista de crédito Alina Czerniawski e pela pesquisadora Bhavika Bajaj, com a adoção do dólar, o país eliminaria a volatilidade cambial, estabilizando os preços e criando um ambiente de maior segurança para investimentos.

Além disso, a medida impediria o governo de monetizar sua dívida, isto é, financiar déficits por meio da emissão monetária, uma prática que historicamente alimentou o desequilíbrio fiscal e a inflação no país. Dessa forma, a confiança dos investidores poderia aumentar, atraindo capital e incentivando o crescimento econômico no curto prazo.

Contudo, a S&P destaca as limitações dessa medida no longo prazo, ao apontar que, sem uma moeda própria, a Argentina perderia a flexibilidade de ajustar sua taxa de câmbio em resposta a choques externos, como a queda nos preços das commodities, das quais depende em grande medida.

Outro ponto destacado é que o sucesso da dolarização depende de reformas estruturais no âmbito fiscal que garantam a disciplina orçamentária e a diversificação da economia, a fim de evitar o acúmulo de dívidas que historicamente impactou países dolarizados.

A análise do relatório inclui ainda estudos de caso em países latino-americanos dolarizados, como Equador, El Salvador e Panamá, que demonstram os riscos e benefícios dessa política. Segundo a agência:

“Experiências anteriores na América Latina indicam que a dolarização pode contribuir para estabilizar países em crise econômica, reduzindo e controlando a inflação. Mais tarde, porém, esses países enfrentaram problemas de endividamento, em parte devido à falta de controle fiscal.”

Entre os casos avaliados, a agência cita o Equador, onde a dolarização controlou a inflação, mas o país ainda sofre com uma dívida elevada e dependência de petróleo. “A expansão do balanço do banco central contribuiu para elevados déficits públicos, levando à moratória da dívida em 2008, em meio à crise financeira mundial, ao que se seguiu outra moratória, em 2020, exacerbada pelo colapso dos preços do petróleo durante a pandemia”, declarou a agência.

Em El Salvador, a dolarização foi implementada em janeiro de 2001, no intuito de atrair investimentos, aumentar o comércio e reduzir as taxas de juros. Inicialmente, a medida trouxe benefícios ao país, como a estabilização da inflação e a queda das taxas de juros. No entanto, alguns dos ganhos esperados, especialmente o crescimento econômico sustentado, não se concretizaram, devido a divisões políticas e baixa produtividade, entre outros fatores.

Já no Panamá, onde o dólar é a moeda oficial desde 1904, o uso da divisa americana contribuiu para a estabilidade e atratividade do país para investimentos, mas, segundo a agência, a estrutura fiscal rígida do país limita sua capacidade de responder a choques externos, como ocorreu durante a pandemia de covid-19, que elevou a dívida pública para aproximadamente 60% do PIB.

Para a Argentina, a S&P conclui que a dolarização pode ser eficaz no combate à inflação no curto prazo, mas não é uma solução completa para os problemas econômicos do país. A sustentabilidade da medida depende de reformas estruturais que aumentem a competitividade e promovam a disciplina fiscal, elementos que a dolarização, por si só, não assegura.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.