Macarena Vidal.
Washington, 2 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, parte hoje de Washington para uma viagem pelo Oriente Médio e
pela Europa, na qual se destaca um discurso de aproximação ao mundo
muçulmano que o líder americano pronunciará no Cairo, na
quinta-feira.
Nessa mensagem, que pronunciará na Universidade do Cairo, Obama
deve expor como concebe a relação entre os EUA e os muçulmanos,
muito prejudicada após a invasão ao Iraque.
Segundo a Casa Branca, nesse discurso, Obama "destacará seu
compromisso pessoal com uma aproximação" baseada em seus interesses
comuns e "um respeito mútuo".
Abordará "como EUA e as comunidades muçulmanas do mundo podem
superar algumas das diferenças que os dividiram" e abordará "novas
áreas de colaboração no futuro".
Obama também falará, segundo a Casa Branca, sobre o conflito
israelense-palestino e o extremismo violento, mas o porta-voz da
Presidência dos EUA, Robert Gibbs, teve cuidado em ressaltar que -
apesar do desejado nos países árabes - o presidente não oferecerá um
plano de paz propriamente dito para o Oriente Médio.
O presidente americano "deve mostrar às audiências muçulmanas
quantas coisas compartilhamos e como, apesar de nossas diferenças,
devemos embarcar juntos em uma viagem para a justiça no Oriente
Médio", segundo Jon Alterman, do Centro de Estudos Estratégicos e
Internacionais (CSIS).
O discurso no Cairo representa o cumprimento pelo governante
americano de uma promessa de campanha, quando disse que se dirigiria
ao mundo muçulmano a partir de uma capital islâmica no início de seu
mandato.
Desde sua chegada à Casa Branca, Obama disse que quer se envolver
pessoalmente no esforço de estender pontes ao mundo islâmico.
As primeiras chamadas oficiais de Obama como presidente foram aos
líderes do Oriente Médio, e sua primeira entrevista na Casa Branca
foi concedida a uma rede de televisão árabe, a "Al Arabiya".
Desde então, reuniu-se com diversos líderes do Oriente Médio e
afirmou que a busca da paz entre Israel e seus vizinhos árabes será
uma das prioridades de seu mandato.
Dentro desta série de contatos, que já o levou a se reunir, em
maio, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com
o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas,
Obama se encontrará amanhã com o monarca saudita, Abdullah bin Abdul
Aziz, em Riad, na primeira etapa de sua viagem.
Na estadia em Riad, Obama abordará com Abdullah assuntos como o
processo de paz no Oriente Médio, o programa nuclear iraniano e o
aumento dos preços do petróleo.
O presidente americano viajará no começo da manhã da quinta-feira
para o Cairo, onde, além de pronunciar seu discurso, deve se reunir
com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, e visitar uma mesquita e as
pirâmides.
A segunda parte da viagem do líder americano começará na mesma
noite e estará centrada nos atos de comemoração do fim da Segunda
Guerra Mundial.
Obama chegará na quinta-feira à noite a Dresden, na Alemanha,
onde deve se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel, para
tratar assuntos como a relação transatlântica e informá-la sobre os
resultados de suas conversas no Oriente Médio.
Além disso, o presidente americano irá a um lugar com grande
carga emotiva pessoal, o campo de concentração de Buchenwald. O
tio-avô de Obama, Charlie Payne, estava entre os soldados que
contribuíram para libertar essas instalações.
Obama também visitará a base militar americana de Landstuhl, onde
se encontra o hospital no qual são atendidos os feridos nas guerras
do Iraque e do Afeganistão.
A viagem de Obama terminará na França, onde, em Normandia,
participará dos atos em lembrança aos 65 anos do Dia D.
Também estarão presentes ao ato, além do presidente francês,
Nicolas Sarkozy, os primeiros-ministros do Reino Unido, Gordon
Brown, e do Canadá, Stephen Harper.
Inicialmente não estava previsto que a rainha Elizabeth II da
Inglaterra, a única chefe de Estado em exercício que prestou serviço
durante a guerra, fosse aos atos, mas a Casa Branca indicou na
segunda-feira que estava colaborando com os outros participantes
para fazer com que soberana participe.
Obama, que também manterá uma reunião bilateral com Sarkozy, em
Paris, voltará a Washington no domingo. EFE