César Muñoz Acebes.
Washington, 8 dez (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, anunciou hoje novas medidas para estimular a economia do
país, que, segundo disse à Agência Efe uma fonte da Casa Branca,
envolverão investimentos de aproximadamente US$ 100 bilhões.
O Governo aproveitará que o programa de socorro ao sistema
financeiro custará US$ 200 bilhões a menos que o previsto para
investir em infraestruturas e ajudar as pequenas empresas. O
objetivo por trás da iniciativa, destacou Obama, é "acelerar a
geração de empregos".
O chefe de Estado não especificou as cifras do novo programa, mas
Diana Farrell, assistente adjunta do presidente para a Política
Econômica, revelou, em entrevista à Efe, que a soma envolvida é de
cerca de US$ 100 bilhões.
A quantia a ser investida ainda terá de ser aprovada pelo
Congresso. Lá, os republicanos já espernearam e disseram que
qualquer dinheiro economizado no programa de resgate financeiro vai
ter que usado para reduzir o déficit público.
"A ideia de pegar este dinheiro e gastá-lo é repulsiva", disse o
líder dos republicanos na Câmara de Representantes, o deputado John
Boehner.
O rombo no Orçamento do Governo chegou a US$ 1,4 trilhão no ano
fiscal de 2009, quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Coincidência ou não, hoje a agência de classificação de risco
Moody's disse que, em breve, os Estados Unidos terão que sanear suas
finanças se não quiserem que a avaliação máxima dos bônus do Tesouro
seja ameaçada.
Obama, por outro lado, afirmou em um discurso na Brookings
Institution que aqueles que dizem que o país deve escolher entre
reduzir o déficit ou investir na geração de emprego apresentam "uma
escolha falsa".
O presidente argumentou que mais crescimento econômico gerará
maiores receitas e reduzirá os gastos do Governo com o pagamento de
seguros-desemprego.
O governante também lembrou dos obscuros dias do fim de 2008,
quando a economia americana parecia ir a pique e, às pressas, o
Congresso aprovou o programa de resgate financeiro, de US$ 700
bilhões.
Na época, temia-se que a ajuda ao setor financeiro geraria uma
sangria desatada nos cofres públicos, o que acabou não acontecendo.
Ao contrário, a compra de ações dos bancos gerou ótimos
rendimentos ao contribuinte, graças à estabilização dos mercados
financeiros.
Paralelamente, várias empresas grandes devolveram com juros o
dinheiro que pegaram emprestado do Governo. Consequentemente, o
custo do programa caiu para US$ 141 bilhões, segundo cálculos do
Tesouro.
Desde agosto, a conta do programa ficou US$ 200 bilhões mais
barata e, agora, a Casa Branca quer usar essa "sobra fiscal" em
iniciativas que ajudem a gerar emprego, em vez de usar tudo para
reduzir o déficit.
"Apesar de termos reduzido a enxurrada de perdas de empregos a um
gotejamento relativo, ainda não estamos criando trabalho a um ritmo
que ajude todas as famílias arrastadas pela correnteza", disse
Obama.
O desemprego no país atualmente é de 10%, graças à inesperada
queda de 0,2 ponto registrada em novembro.
Farrell disse que as medidas anunciadas hoje "ajudarão a gerar
emprego a curto prazo e a estabelecer uma economia mais estável por
muitos anos". Também destacou que os investimentos em infraestrutura
"são bons para o país" e respondem a necessidades deixadas de lado
no passado.
Para esse fim, o Governo cogita aumentar em US$ 50 bilhões os
investimentos em transportes e na saúde.
Obama propôs ainda reduções de impostos para as pequenas
empresas, um incentivo fiscal para estimular novas contratações e a
prorrogação do seguro-desemprego.
Outra intenção do presidente é dar isenções fiscais aos
proprietários de imóveis que comprarem aparelhos eletrônicos que
consomem menos energia.
Os novos projetos se somarão ao programa de estímulo de US$ 787
bilhões aprovado no começo do ano.
Quando o dinheiro acabar, o foco passará a ser a redução do
déficit e uma dívida que os analistas consideram insustentável. EFE