Macarena Vidal.
Toronto (Canadá), 27 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, assegurou neste domingo que cumprirá o compromisso
adotado na Cúpula do Grupo dos Vinte (G20, principais países ricos e
emergentes), encerrada em Toronto, que os países ricos reduzam pela
metade seus déficits até 2013.
Obama falou assim em sua entrevista coletiva de encerramento de
uma Cúpula que se caracterizou pelas diferenças entre seus membros
sobre colocar em destaque a redução dos déficits fiscais ou - como
defendia inicialmente os EUA - continuar as medidas de estímulo e o
gasto público para evitar uma recaída na crise.
Em sua declaração, o presidente americano fez um apelo à unidade
e assegurou que durante este fim de semana em Toronto as principais
economias do planeta demonstraram que podem coordenar posições e
continuar se centrando em um crescimento durável que dê emprego ao
povo e cria prosperidade para o mundo.
"Cada economia é única, e cada país estabelecerá seu caminho, mas
todos nos movimentamos na mesma direção", insistiu o presidente
americano, dizendo que a recuperação econômica é "ainda frágil" e as
principais economias devem fazer mais "para torná-la duradoura".
Embora tenha insistido em que os países que possam se permitir
devem manter seus estímulos econômicos, destacou que outros, como a
Grécia, afligida por uma grave crise orçamentária, devem "agir
imediatamente" para evitar problemas de dívida soberana.
O presidente americano expressou seu respaldo ao corte pela
metade do déficit fiscal, que nos EUA alcança US$ 1,4 trilhão, até
2013.
Segundo Obama, isso se conseguirá através de medidas como o
congelamento do gasto público não obrigatório durante três anos, que
já ordenou no início deste ano e que, ressaltou, precisa se manter
firme, ou mediante a eliminação de programas que não funcionam,
incluindo os de Defesa.
Obama assegurou que está disposto a "calar a boca" dos críticos
que asseguram que ele não vai conseguir fazer isso, quando
apresentar no ano que vem seu novo orçamento. "Veremos como
respondem às duras medidas que vou propor, que agora pedem contenção
do gasto público".
Em sua entrevista coletiva, o presidente americano também disse
que o crescimento global, a grande meta da cúpula, deve contar com
"um campo que seja o mesmo para todos", em alusão à cotação do
iuane, que os EUA consideram que se mantém artificialmente baixa
para beneficiar as exportações chinesas.
Neste sentido, afirmou que a China precisa ser "séria" em sua
promessa de flexibilizar a cotação do iuane, pois manter sua moeda
avaliada abaixo do mercado "lhe concedeu uma vantagem comercial
significativa".
"Mantê-la subvalorizada não é algo aceitável ou consistente com
um crescimento econômico global equilibrado", declarou Obama,
assegurando que "nos próximos meses, os EUA vigiarão muito de perto
o comportamento do iuane para ver se a oscilação adotada é
suficiente".
O presidente também comentou a condenação do Grupo dos Oito (G8,
os sete países mais ricos e a Rússia) que se reuniu também este fim
de semana no Canadá, à Coreia do Norte após o afundamento com um
torpedo da corveta sul-coreana "Cheonan".
Obama assegurou que o comportamento de Pyongyang foi
"beligerante" e "inaceitável" para a comunidade internacional.
O presidente americano também encontrou tempo em sua entrevista
coletiva para fazer referência à guerra no Afeganistão, assunto que
abordou este fim de semana, entre outros, em sua reunião com o novo
primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.
O G8 expressou no sábado em comunicado seu apoio a uma estratégia
de saída do Afeganistão em cinco anos e Obama reiterou seu
compromisso com sua política de começar a retirada em julho do ano
que vem, embora sem uma data concreta para terminá-la.
"Os EUA mantêm um interesse nacional vital em que o Afeganistão
não seja usado como uma base para lançar atentados terroristas",
insistiu Obama.
"Em qualquer caso, os EUA não vão apagar as luzes e ir embora
assim do Afeganistão", assegurou.
O presidente americano retornou esta mesma noite a Washington
após uma última reunião bilateral com o primeiro-ministro japonês,
Naoto Kan. EFE